A AGONIA DO GENERAL INVERNO

O General Inverno, que tomou posse com toda a pompa e circunstância, vai morrer naturalmente e sai sem qualquer cerimónia em sua honra.

Por ironia do destino, dará o último suspiro no dia vinte de março, quando forem nove horas e trinta e sete minutos, no dia Internacional da Felicidade.No dia anterior foi conformado pelo mais justo dos santos, São José, e assim partiu descansado para não mais voltar o inverno vinte-vinte e um.O mês de março ainda fica por cá mais onze dias, podendo receber de imediato a primavera e acolher o dia em que o homem contraria as leis da Natureza, o dia mais pequeno do ano, que acontece no último domingo, que por adiantarmos uma hora ao relógio, esse dia só conta vinte e três horas. Este ano acontece em domingo de ramos, a data mais alegre de toda a quaresma.A natureza encarrega-se de festejar a primavera, pois poucos dias depois, chega o cuco que com o seu canto anuncia a sua chegada. Só por cá passa dias primaveris, diz-se aqui pela Beira Interior que a sua chegada acontece em Belmonte numa feira anual que ali se realiza em vinte e cinco. A sua partida acontece poucos dias depois do Santo António, pelo que já cá não passa o São João. Em tempos afirmava-se por aqui, que logo que visse um rolheiro, que é um género de meda redonda que se fazia logo após o corte da seara que se ia embora sem dar cavaco. Ora as ceifas tinham lugar a partir de meados de junho, logo não dava tempo para o solstício do verão, que neste ano em que vivemos será a vinte e um do mês dos santos populares, dia em que toma posse o verão.Tal como o inverno, tem entrada vaidosa e saída de sendeiro. É como que o espelho da nossa vida quando entramos em desaforo, na maioria das vezes paga-se caro por isso.Os dias de inverno são tristes, muito embora tenha os seus dias festivos do Natal e passagem de ano. Tem neve, carnaval e amendoeiras em flor, mas tudo isso não fez esquecer os dias que nos faz chegar à lareira e os agasalhos que temos que suportar. A mortalidade no inverno atinge os valores mais altos durante, como o nosso povo diz, é ao cair da folha e ao rebentar da folha, o que em teoria é o espaço que compreende a estação mais fria. Por seu lado, e por aquilo que sei, as baixas temperaturas, afectam mais os pulmões e o coração, os principais órgãos que nos sustentam a vida.A sinistralidade também se torna maior nesta época, com três factores a contribuírem para tal, estou a falar de gelo, chuva e nevoeiro. Embora haja os que adoram os deportos de inverno, fazendo longas viagens para chegarem às estâncias turísticas destinadas as essas práticas, no entanto também correm algum perigo, quer na deslocação, visto as vias de acesso não serem as melhores, como no próprio exercício onde também há um certo risco.Chegados aqui, direi que falei do inverno, da primavera e do mês do mede março, que aqui serve de elo de ligação. Todavia cada extensão de tempo que passe, e que todos os anos tem a mesma dimensão, o que parte nunca mais volta, porque tempo não o permite, acontece como nas monarquias, o que segue tem numeração a seguir, como o inverno que partiu foi o vinte-vinte e um, aquele que a devido irá chegar, por força da nossa era, será o “vinte e um- vinte e dois”.Quem estiver acostumado, ou fizer o favor de me ler, sabe do que eu aqui escrevi, sabe disto tanto quanto eu, só que nunca perdeu tempo para se debruçar sobre o assunto. Ao ler esta peça, penso que irá confirmar que tudo o que deixo dito, é a realidade da cadeia temporal que temos na vida em vivemos e por mais que nos digam que a roda é sempre igual, não podemos acreditar nessa, pois os fenómenos climatéricos nunca são iguais e tempos há que ficam marcados por tragédias.Por hoje me despeço, até ao dia das mentiras.

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