Entrevista: Alberto Quinaz Carvalho - vencedor
do “Global Management Challenge”


Alberto Quinaz Carvalho, vencedor do “Global Management Challenge”, é natural da Guarda. Estudou na Nova School of Business and Economics (Nova SBE), HEC Paris, Università Bocconi, Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque.
Nos tempos livres gosta de socializar, ler, cozinhar, jogar futebol.
A GUARDA: Quem é Alberto Quinaz Carvalho e o que o liga à Guarda?

Alberto Carvalho: Sou um jovem, nascido e criado na Guarda, que, ao longo dos anos, desenvolveu uma grande paixão pela mesma, estando apenas fora por motivos académicos e profissionais. Com formação na área da Gestão e Finanças (pela Nova School of Business and Economics, pela Università Bocconi e HEC Paris), em termos profissionais tive breves experiências em Consultoria de gestão estratégica, Capital de risco, Investimentos em bolsa, empreendedorismo, e no sector académico. Por último, e mais importante, sou um jovem cheio de ambição e vontade de alavancar a capacidade e experiências pessoais para gerar impacto positivo nas diversas iniciativas em que me envolvo.

A GUARDA: Como apareceu a ligação à “Nova School of Business and Economics” na concretização dos estudos universitários?

Alberto Carvalho: A ligação à Nova School of Business and Economics surge após a conclusão do ensino secundário. Dado o ambiente que desde cedo me envolveu, nomeadamente por influência do meu pai, queria estudar Gestão, vendo na Nova SBE a oportunidade de ter a melhor educação dentro da área, e de me poder rodear de colegas com a mesma ambição. Mais tarde, após a conclusão da licenciatura em Gestão, decidi continuar os estudos na mesma universidade, seguindo o Mestrado Internacional em Finanças e CEMS MIM. Adicionalmente, aceitei o desafio de fazer parte do corpo docente da universidade, nas cadeiras de Principles of Management e Finance, leccionadas a alunos de licenciatura.

A GUARDA: Que significou vencer, com apenas 20 anos, o “Global Management Challenge”, a maior competição internacional de estratégia e gestão?

Alberto Carvalho: Vencer o Global Management Challenge foi uma experiência incrível e a sensação realmente única e inexplicável. Ainda que a equipa estivesse desde o início fortemente empenhada em superar o desafio, honestamente, não esperávamos alcançar a primeira posição. Sentimos que era um enorme privilégio competir com os melhores do mundo e que, através de trabalho árduo, comprometidos com o rigor e empenho integral, iriamos tentar obter uma excelente performance. Representar Portugal a nível internacional foi tanto uma enorme responsabilidade como uma grande honra, a qual foi ampliada com a vitória, e sequente regresso do galardão para o nosso país, após 22 anos. Adicionalmente, esse feito, com dois jovens da Guarda (eu e o Alexandre Amaro), numa equipa de três, é mais um demonstrativo do valor das pessoas da nossa cidade, e da qualidade do ensino da mesma, plasmada nos professores que acompanharam o nosso percurso.

A GUARDA: O que é o “Global Management Challenge”?

Alberto Carvalho: O Global Management Challenge é a maior competição internacional de Estratégia e Gestão, consistindo numa simulação empresarial interactiva. Cada equipa gere uma empresa, definindo a sua estratégia e tomando decisões relativas às diferentes áreas operacionais da empresa, tais como Marketing, Produção, Recursos Humanos, e Finanças, com o objectivo de obter o melhor desempenho do investimento dentro do mercado competitivo em que se insere. A tomada sucessiva de decisões, num curto espaço de tempo, num ambiente tenso, replica o ambiente empresarial real.

A GUARDA: Quais foram as pessoas e as ideias que mais o inspiraram?

Alberto Carvalho: Ao longo da minha vida estive inserido num ambiente empreendedor e estimulante que, sem dúvida, contribuiu para a ambição e procura de sucesso. Cresci tendo como maiores referências a minha família e amigos que desde sempre transmitiram que: (i) com trabalho árduo tudo é alcançável, e que “O trabalho duro supera o talento quando o talento não trabalha”; e (ii) não há problema em fracassar, e que riscos bem medidos devem ser tomados, desde que tenhamos a capacidade de nos focarmos na aprendizagem consequente.

A GUARDA: Quais os planos futuros em termos académicos e profissionais?

Alberto Carvalho: Pessoalmente, não sou fã de fazer planos rígidos a longo prazo, mas sim de manter um equilíbrio saudável entre flexibilidade e planeamento. Acredito que as melhores oportunidades requerem uma grande capacidade de adaptação para serem exploradas. A curto prazo, estou focado em concluir o programa de mestrado Finanças e Gestão e de seguida, alavancar todo o conhecimento adquirido para enfrentar os próximos desafios profissionais. Apesar de tudo, focar-me-ei sempre em continuar a aprender e desenvolver competências, enquanto trabalho nas áreas em que tenho maior gosto a nível pessoal. Mais especificamente, o próximo desafio profissional será no sector da Banca de Investimento e Capital de Risco.

A GUARDA: Através da sua formação, de que maneira é que pode ajudar no desenvolvimento da região em que nasceu?

Alberto Carvalho: Como minha cidade natal, tenho uma grande vontade de, no futuro, poder ajudar e contribuir para o desenvolvimento da região tanto de forma directa como indirecta. A Guarda é uma cidade com um grande potencial por explorar, mas, sem dúvida, alcançável. Como pessoa que sente e gosta da Guarda mas que se encontra longe por motivos profissionais, tenho a responsabilidade de poder ser um “embaixador” da nossa região, tendo todo o gosto em apoiar qualquer iniciativa que incentive o desen-volvimento da mesma. Face à minha ligação umbilical à região, no longo prazo, o retorno a casa é inevitável, e espero que quando venha a acontecer, tenha a capacidade de estimular o tecido empresarial da região, crie empregos que incentive a retenção de talento, e melhore a qualidade de vida dos residentes.

A GUARDA: Quais as sugestões que tem para os empresários, políticos, professores e cidadão da nossa região de maneira a melhorar a probabilidade de sucesso e a qualidade de vida?

Alberto Carvalho: A riqueza de uma região poderá ser mensurada pelo nível de felicidade atingido pelos seus habitantes. Cabe às forças vivas da região (empresários, políticos, professores) terem a capacidade de gerir esta complexa variável, a qual terá necessariamente por passar por um lado, pelo reforço das condições na educação e saúde e por outro lado, a criação de oportunidades aos jovens, que assegurem a sua fixação, fomentando o desenvolvimento de centros de excelência.
A Guarda é uma cidade repleta de pessoas ricas em valores, com grandes ambições, e, acima de tudo, com capacidade de melhorar o panorama da cidade. Apesar de tudo, em traços largos, a maior recomendação que poderia dar prende-se com o facto daqueles profissionais deverem estar mais abertos a novas ideias, e superarem o medo irracional de falhar e tomar riscos. Adicionalmente, a nível agregado, é fulcral um melhor aproveitamento das vantagens comparativas da nossa cidade, demonstrando e criando incentivos para o desenvolvimento do tecido empresarial da região, culminando na atracção de novas empresas e criando novos postos de trabalho.
A GUARDA: E para os alunos das Escolas da região?
Alberto Carvalho: Aquilo que recomendo aos alunos das escolas da região é bastante simples: (i) ouvir os conhecimentos sábios dos professores; (ii) tenham referência em alunos que concluíram com sucesso os estudos; e (iii) se empenhem ao máximo em desenvolver competências desde cedo. Ter bons resultados escolares é um primeiro objectivo, no entanto, o desenvolvimento de competências vai muito para além disso. Prende-se em conjugar os estudos com outras iniciativas de impacto, com voluntariado, e sem esquecer, claro, a importância de outros “hobbies” como desportos em equipa.

A GUARDA: A região da Guarda tem pessoas bem-sucedidas um pouco por todo o lado. Como é que estas pessoas podiam ser mais valorizadas e aproveitadas na Guarda?

Alberto Carvalho: Como todos reconhecemos, na Guarda formam-se pessoas de grande valor, sendo um dos maiores exportadores de talento para muitas cidades do país. Na minha opinião, tem que haver um maior esforço em, inicialmente, criar na nossa cidade condições que levem à retenção deste precioso talento, ou que levem a que este volte. Por outro lado, sinto que a cidade e, no geral, as organizações da mesma, deveriam com maior frequência aceder a tais pessoas para a participação activa na sociedade, apelando ao seu sentido de responsabilidade e gosto pela cidade. Certamente muitas das pessoas que saíram da Guarda não se encontram, actualmente, a contribuir directamente para o desenvolvimento da cidade, no entanto, fá-lo-iam caso fossem convidadas a oferecer contributos específicos.
Por último, faço um repto ao papel responsável dos media da cidade para que possam veicular os bons exemplos da nossa gente, de modo a ser a referência para a população, especialmente para os mais novos.