Campeonato Europeu de Motocross “mobiliza todas as pessoas da freguesia e muitas pessoas das freguesias vizinhas”

António Bico é Presidente da Associação Cultural e Recreativa de Fernão Joanes, entidade responsável pela organização da Etapa do Campeonato Europeu e Nacional de Motocross, no dia 30 de Maio. Estudou na Escola Secundária Afonso de Albuquerque e Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.Ocupa o tempo livre a ver séries e com o Associativismo Juvenil.
A GUARDA: Fernão Joanes vai receber uma Etapa do Campeonato Europeu e Nacional de Motocross, no dia 30 de Maio. O que tem esta aldeia de tão especial para ser o local escolhido para este evento?
António Bico: Fernão Joanes tem demonstrado, ao longo dos últimos anos, ter capacidade para organizar grandes eventos de categoria nacional e internacional, sejam actividades desportivas e culturais, ao nível das melhores organizações privadas. Destaco o envolvimento de toda a população, de todas as faixas etárias, independentemente das divergências de cada um de nós, com o principal objectivo de promover a nossa aldeia e torná-la uma referência. O fenómeno organizacional do evento europeu de motocross reflecte a capacidade voluntária e motivacional que as gentes de Fernão Joanes têm de forma diferenciadora, destinta e com uma característica muito própria.Este evento, apesar de ser uma grande referência de promoção da região, é mais um dos bons exemplos do que acontece na freguesia, devido ao forte tecido associativo que faz com que seja possível a permanência de dezenas de postos de trabalho numa pequena freguesia com pouco mais de 200 habitantes. 
A GUARDA: Podemos dizer que esta iniciativa envolve praticamente todas as pessoas da aldeia. É fácil mobilizar as pessoas?
António Bico: Este evento mobiliza todas as pessoas da freguesia e muitas pessoas das freguesias vizinhas, que reconhecem o nosso trabalho associativo e que querem fazer parte deste grande projecto que já se torna tradicional com o passar dos anos.
A GUARDA: Quantas pessoas estão mobilizadas para o bom funcionamento da prova? 
António Bico: Este é um ano excepcional em que vão existir postos de trabalho voluntários que não vão ser necessários. Devido à pandemia não haverá público e, como tal, não será necessário o funcionamento das bilheteiras. Esses voluntários vão ser transferidos para outras tarefas. Tivemos a necessidade de criar uma equipa dedica às questões do COVID19, que passam pelo planeamento, execução e acompanhamento permanente de medidas preventivas.Temos cerca de 100 voluntários que se dividem pelas diversas áreas: comissários de pistas, coordenadores de comissários de pista, restaurante, bares de apoio, secretariado de prova, recepção de pilotos, equipas de limpeza, manutenção de pista, comunicação, etc…Não é fácil mobilizar as pessoas e os jovens. Todos gostamos de participar e dar palpites mas de forma cómoda e sem perturbar o nosso “dia a dia”. No entanto, nós temos alguma sorte, apesar de todas essas questões “normais” temos pessoas e jovens que se dedicam todos os dias a trabalhar voluntariamente para que a nossa Freguesia seja uma aldeia diferenciadora. A vida associativa é uma escola de cidadania que tem muito trabalho que não é visível mas que tem o seu expoente máximo quando vemos a concretização de projectos e daquilo que por vezes parece impossível, tornar-se realidade e ser reconhecido.
A GUARDA: Houve necessidade de readaptar a prova por causa da pandemia provocada pela Covid? 
António Bico: Sim, houve necessidade de planear e implementar um conjunto de medidas para que o evento decorra sem qualquer problema. Por exemplo, corredores de circulação, horários diferenciados para as refeições, distribuição de kits de higienização a todos os envolvidos no evento…A modalidade de motocross foi considerada uma modalidade de baixo risco e como tal não obriga à realização de testes para a sua realização. No entanto, vamos fazer a todos os nossos voluntários até 72 horas antes do evento uma testagem rápida massiva para que todos nós nos sintamos um pouco mais seguros.
A GUARDA: Desta vez a prova não terá a presença de público. Há alguma maneira de acompanhar o evento em tempo real?
António Bico: Sim, o evento pode ser acompanhado no dia 30 de Maio, Domingo, e directo no canal oficial da FMP no Youtube. Vamos garantir uma transmissão televisiva com bastante qualidade com multicamaras espalhas por todo o traçado e entrevistas com os pilotos.
A GUARDA: Quais os principais apoios da Associação Cultural e Recreativa de Fernão Joanes na organização desta prova? 
António Bico: Este ano contamos com o apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude, da Câmara Municipal da Guarda, da Junta de Freguesia de Fernão Joanes e da própria Federação de Motociclismo de Portugal. Numa altura de extrema dificuldade para a nossa economia local e independentemente do retorno publicitário este ano decidimos não pedir apoio aos nossos patrocinadores. Apesar disso vamos promover as empresas que nos apoiam, como nos anos anteriores. Ao longo dos últimos anos tivemos mais de 70 patrocinadores que nos ajudaram na realização das nossas actividades. Esperamos regressar no próximo ano com a mesma vontade e determinação, e com o apoio e a presença física de todos eles. 
A GUARDA: De que maneira é que uma prova desta natureza pode ajudar a dinamizar não só Fernão Joanes como toda a região?
António Bico: O Crossódromo Internacional da Lajes é um local que, durante todo o ano, tem a presença de alguns estágios de escolas de motocross, pilotos europeus e pilotos amadores. Nas semanas que antecedem a prova e dos dias da prova, todos os Turismos Rurais próximos estão lotados, assim como algumas unidades hoteleiras da Guarda que são nossas parceiras.Este é um local que tem condições para a prática de uma modalidade que não existem na região e como tal é maios um espaço de oferta para a promoção da Guarda e de todas as pessoas que visitam a nossa região.                                                              A GUARDA: Há alguma novidade sobre a pista de Supercross? 
António Bico: A pista de Supercross englobada no Crossódromo Internacional da Lajes está praticamente concluída. No ano passado não foi possível realizar a prova e este ano também não será possível, devido à pandemia. No entanto, está pronta para receber os melhores pilotos da modalidade de Supercross. Este é um grande projecto que também impulsionará a presença de muitas centenas de pessoas e que decorrerá em Julho ou Agosto, há noite, numa actividade ainda mais diferenciadora e que não existe na região.Esperamos ansiosamente pelo próximo ano para realizar uma actividade que promete ser um novo marco no Verão do Distrito da Guarda.
A GUARDA: A Associação tem mais algum projecto no âmbito dos desportos motorizados?António Bico: Actualmente não. Tivemos no passado projectos ligados a actividades de orientação de Navegação 4x4 e corridas de carros (Drag Race) mas actualmente não temos mais projectos. Achamos eu Motocross e SuperCross são para já dois grandes projectos que não existem na região e que já despendem muitos recursos humanos e financeiros para a sua execução.