Serra da Estrela | Incêndios
Os seis municípios abrangidos pelo Parque Natural da Serra da Estrela exigiram que seja decretado “estado de calamidade”, bem como apoios imediatos para colmatar prejuízos de “centenas de milhões de euros”, devido ao incêndio que afectou a região, entre 6 e 17 de Agosto.
“Defendemos decretar com efeitos imediatos o estado de calamidade para toda a área do Parque Natural da Serra da Estrela e a elaboração de um plano de revitalização deste nosso parque”, referiu o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, no final de uma reunião com autarcas da Covilhã, Celorico da Beira, Gouveia, Seia e Manteigas, no dia 18 de Agosto, em Manteigas
Recorde-se que a Serra da Estrela e zonas limítrofes foram afectadas por um incêndio que deflagrou no dia 6 de Agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã que apesar de ter sido dado como dominado no dia 13, sofreu uma reactivação no dia 15 de Agosto. Foi considerado novamente dominado no dia 17 de Agosto, à noite. As chamas estenderam-se aos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira e Belmonte.
No final da reunião na Câmara Municipal de Manteigas, Sérgio Costa disse que o plano de revitalização terá de ser “ao nível do reordenamento florestal, da paisagem, ao nível hídrico e turístico”.
Os autarcas pedem também “o apoio urgente e imediato ao sector agrícola, pecuário e à exploração florestal” cujos prejuízos devem rondar “centenas de milhões de euros”.
Sérgio Costa adiantou que “há medidas que devem ser implementadas no curto prazo, no imediato”, nomeadamente “o estado de calamidade”. Considerou que este incêndio “é uma verdadeira tragédia para a região e para o Parque Natural da Serra da Estrela”.
Outra das medidas a ter em conta passa pelo tratamento prioritário das bacias hidrográficas dos rios Zêzere e Mondego, “evitando que toda a bacia do vale do Tejo e do baixo Mondego, de onde se extrai muita água para abastecimento de milhões de pessoas, sejam afectadas pela contaminação da água”.
Sérgio Costa explicou que a água pode ser afectada “em virtude da erosão e da contaminação dos solos e das linhas de água” que “chegam aos grandes centros do país”.
Os autarcas exigem ainda “a aprovação de medidas de curto prazo para a estabilização de emergência dos solos e das encostas afectadas pelo incêndio e a recuperação das infra-estruturas viárias e outras, designadamente telecomunicações e abastecimento de água”.
Sérgio Costa adiantou que a área afectada pelo incêndio está a ser contabilizada pelos organismos do Governo, mas apontou para “mais de 20 mil hectares” consumidos pelas chamas.
Os autarcas deram conta que aguardavam que o incêndio fosse dado como extinto “para que a tal comissão independente, com a presença dos municípios, faça a investigação do que correu menos bem nesta matéria”.
Sérgio Costa pediu que “vigiem muito bem os tais pontos quentes, que sejam imediatamente extintos quando necessário, mas naturalmente também aqueles outros pontos que não são quentes, são frios, mas que alguém acha por bem torná-los quentes à custa do fogo”.