D. Manuel Felício presidiu às celebrações na Sé da Guarda

As novas dificuldades provocadas pela pandemia, tanto a nível social como espiritual, marcaram as celebrações da Semana Santa, na Sé da Guarda, presididas por D. Manuel Felício. O primeiro momento aconteceu na manhã de Quinta-feira Santa, na Missa Crismal, que juntou a quase totalidade dos padres da Diocese, na renovação das promessas sacerdotais e na bênção dos óleos. O Bispo da Guarda também presidiu à Missa da Ceia do Senhor, à Paixão do Senhor e à Vigília Pascal. No dia de Páscoa celebrou na Covilhã, na Igreja da Santíssima Trindade.Missa Crismal Cuidado “às pessoas e às comunidades”Na homilia da Missa Crismal, o Bispo da Guarda destacou a missão do padre chamado a concretizar o cuidado “às pessoas e às comunidades” de forma “atenta ao mundo” e que neste tempo, não pode ignorar as dificuldades trazidas pela pandemia.“Não podemos também desligar a nossa atenção das novas dificuldades que a pandemia já nos trouxe e de outras que certamente nos vai trazer. É natural que as dificuldades das pessoas e das famílias que já se notam, cresçam ainda mais. E nós, com as nossas comunidades não podemos deixar de lhes dar a devida atenção”, disse D. Manuel Felício aos padres da Diocese, na manhã de Quinta-feira Santa, 1 de Abril, na Sé da Guarda.D. Manuel Felício evidenciou que a pandemia está para continuar, e com ela as restrições, o distanciamento social e as máscaras mas, reconheceu o bispo, “o uso mais frequente das novas tecnologias” foi uma realidade permitindo chegar às pessoas.O bispo da Guarda agradeceu a possibilidade de renovação das promessas sacerdotais e da bênção dos óleos este ano, ao contrário do 2020, o facto de o presbitério da diocese poder estar junto, “embora conscientes das muitas restrições”.“São importantes instrumentos de que dispomos no exercício do Ministério Sacerdotal. De facto, o cuidado dos doentes e a preparação e celebração do Baptismo, por um lado; o Sacramento da Confirmação, a unção dos sacerdotes na Ordenação e ainda as celebrações de Dedicação da Igreja e do Altar, por outro, constituem momentos muito especiais na vida da Igreja, a que os santos óleos estão sacramentalmente ligados”, disse o Bispo da Guarda.
Missa da Ceia do Senhor - Respeito e valorização das pessoasO bispo da Guarda disse, na homilia da missa comemorativa da Última Ceia, que as pessoas devem ser “respeitadas e valorizadas nas suas competências” e nunca reduzidas “à capacidade de produzir”.“Sejam assistidas nas suas necessidades e motivadas para a participação na vida comunitária, incluindo nas suas decisões”, acrescentou D. Manuel Felício, ao final da tarde de Quinta-feira Santa, na Sé da Guarda. O Prelado diocesano pediu condições “para que esse valor e respectivos carismas possam ser devidamente desenvolvidos e exercidos”. E acrescentou: “Temos aqui longo caminho a percorrer”.D. Manuel Felício identificou “duas grandes tentações” na sociedade de hoje, “o individualismo, raiz da competitividade desenfreada” e a pretensão de “reduzir a vida comunitária a relações de força na luta por interesses”.Para D. Manuel Felício, o individualismo “não é caminho” porque “ninguém se salva sozinho” e pretender organizar a vida comunitária “com base na competitividade desenfreada dá mau resultado”.O bispo da Guarda referiu ainda que o respeito pela natureza obriga a procurar “novas formas de utilizar os bens”, para garantir a sustentabilidade da casa comum no presente, mas também na herança que deve “às gerações futuras”.
Paixão do Senhor Recordar as vítimas inocentes da guerra, ditaduras, violência e pandemiaNa homilia da Celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa, o bispo da Guarda recordou as “vítimas inocentes” da guerra, das ditaduras, da violência, que “entra no seio das famílias”, e por causa das leis injustas que atingem principalmente os mais frágeis.“Só a luz do crucificado pode desfazer as trevas que envolvem o nosso mundo e não nos deixam ver as crianças que continuam a morrer de fome, outras que não podem ir à escola; os idosos abandonados”, disse D. Manuel Felício, na Sé da Guarda.O bispo da Guarda alertou também para os povos inteiros destruídos ou “compulsivamente deslocados pela guerra e pelo terror”, como acontece no norte de Moçambique e “tantos outros sofrimentos provocados pela maldade e pelos interesses”.D. Manuel Felício explicou que a Cruz de Cristo “é o grande sinal de esperança” que não desilude e responde aos muitos sofrimentos que se vivem nestes tempos de pandemia.“E entre os que mais sofrem, por causa da pandemia, estão pessoas, famílias e mesmo povos já há muito tempo provados pela pobreza, pelas calamidades ou pelos conflitos armados”, acrescentou.Vigília PascalFortalecimento da “proximidade e da solidariedade”D. Manuel Felício pediu, na homilia da celebração da Vigília Pascal, para que ninguém se esqueça das vítimas da pandemia e se fortaleça “a proximidade e a solidariedade com todos”.“A Páscoa pede-nos, por isso, para fortalecermos a proximidade e a solidariedade com todos, de tal maneira que, nesta crise, a ninguém se fechem as janelas da esperança”, disse o Bispo da Guarda, ao início da noite de Sábado Santo, 3 de Abril, na Sé da Guarda.Na noite Pascal, D. Manuel Felício sublinhou que “as vítimas da pandemia” não podem ser esquecidas e pediu orações pelas suas famílias “que sofrem agora a dor da separação”.“Há muitos que continuam a ser provados, como são os doentes e os idosos; os abandonados, os que vivem sós, sem ninguém”, disse o Bispo da Guarda, que agradeceu às pessoas que “lhes levam conforto e alívio na dor e também razões de viver”.O Bispo da Guarda reconheceu que a pandemia não trouxe “apenas males físicos, mas também outros de ordem moral e espiritual”, como foi o caso da privação, durante largo tempo, “do acesso aos sacramentos, sobretudo da Eucaristia e da Reconciliação”.“Diante do senhor Ressuscitado, sentimo-nos especialmente interpelados para levar condições de vida digna e verdadeiras razões de viver aos mais pequeninos, aos mais necessitados e agora particularmente às vítimas desta situação pandémica que a todos nos atinge, mas a alguns mais do que a outros”, acrescentou.Considerou que a situação actual pede uma “atenção especial para os novos pobres, quantos deles a viverem pobreza envergonhada”.