Carta aos Diocesanos da Guarda

“Estes são tempos para vivermos a Fé em família, que constitui a primeira experiência de Igreja”, escreve o Bispo da Guarda, numa Carta aos Diocesanos da Guarda, divulgada esta segunda-feira, 13 de Abril. D. Manuel Felício lembra “sobretudo a vivência do domingo em família, com partilha da Palavra de Deus e oração comunitária, a valorização dos símbolos da Fé, que também temos espalhados pelos nossos ambientes familiares, são importantes formas de celebrarmos e aprofundarmos a Fé”. E acrescenta: “Também não vamos esquecer a catequese, tanto a dos mais pequenos, como igualmente a dos mais crescidos, pois o aprofundamento da experiência da Fé, com todas as suas implicações, quer na vida pessoal e familiar quer nos compromissos sociais, nunca o podemos interromper”.O Bispo da Guarda pede aos diocesanos que estejam “sempre atentos às orientações” que são dadas pelos Párocos, abrindo a possibilidade de contactar com eles para “alguma orientação” ou para fazer sugestões.“Nós já vivemos grande parte da Quaresma, a Semana Santa e o Tríduo Pascal, incluindo o Domingo de Páscoa, em casa, sem possibilidade de participarmos juntos em celebrações comunitárias da Fé”, recorda o Prelado. E acrescenta: “Durante mais algum tempo assim vamos continuar”. D. Manuel Felício considera que “é natural que as atuais condições de pandemia façam aparecer novas necessidades” para as quais pede toda a atenção. Lembra que “é preciso que estejamos próximos dos mais necessitados e dos que mais sofrem, procurando responder sobretudo às situações de solidão e abandono”. E acrescenta: “Pode acontecer que, nestas circunstâncias especiais as pessoas mais fragilizadas pela idade ou outras razões exijam o nosso empenho mais directo e precisem que lhe ofereçamos os nossos serviços, mesmo tendo de correr alguns riscos. Se tal acontecer, tenhamos a certeza de que é o Senhor a convidar-nos para não passarmos ao lado, diante do irmão estendido à beira do caminho”.Na carta pede que sejam respeitadas “as orientações de contenção quanto a sair de casa e nas relações sociais, sem deixarmos de utilizar os meios necessários para não perdermos o contacto com as pessoas, como sejam o telefone e outros”.D. Manuel Felício considera que “este tempo de paragem forçada” pode ajudar as comunidades a saber reorganizarem-se “para conseguirem melhores resultados na vivência da Fé e nos seus efeitos quer para dentro quer para fora da Igreja”.“Sem celebrações comunitárias, sobretudo as assembleias dominicais, sem festas, sem as reuniões e os encontros habituais nas nossas paróquias, a começar pela catequese, vivemos a Fé, agora, em situação especialíssima, que também pode ser oportunidade de alguma purificação”, escreve. E acrescenta: “E dessa purificação faz parte aceitarmos que sejam revistos o número, os locais e os destinatários das nossas celebrações dominicais; as formas como organizamos as nossas festas de padroeiros e santos populares; e as iniciativas novas que precisamos de tomar para que a formação na Fé seja sempre a grande prioridade da nossa acção pastoral, assim como as propostas de evangelização que dela derivam”. Adianta que “hoje não há condições para fazer tudo o que se fazia há 50 anos” mas reconhece que há “ainda um longo percurso a fazer, sobretudo quanto à mudança de mentalidades”.D. Manuel Felício lembra também que “precisamos de uma sociedade onde todos estão mais atentos a todos, privilegiando os mais frágeis”. E acrescenta: “Todos temos de estar dispostos a colaborar também com os sacrifícios que o futuro nos vai exigir, atendendo às previsões de recessão global. E dentro desses sacrifícios estará certamente a disposição para consumirmos menos e partilharmos mais”.A carta aos Diocesanos da Guarda termina com “votos de continuadas Santas Festas Pascais”.