Homília do segundo domingo da Quaresma


Na homilia da Missa do II Domingo da Quaresma, dia 5 de Março, o Bispo da Guarda lembrou o esforço que está ser feito “na erradicação dos abusos e na criação da necessária segurança na Igreja e suas instituições”, lembrando que “é um trabalho muito exigente que implica sacrifício, como sacrifício é necessário para subir ao monte da transfiguração”.
D. Manuel Felício começou por dizer que, no segundo Domingo da Quaresma, “a liturgia transporta-nos até ao monte da transfiguração, tradicionalmente identificado com o Monte Tabor”. Adiantou que “a transfiguração de Jesus é apelo à nossa transfiguração, à nossa conversão, para nos ajustarmos o mais possível à Sua Pessoa e ao Seu Evangelho e assim conseguirmos o nosso bem pessoal e o daqueles que connosco fazem caminho”.
Ao falar aos fiéis, o Bispo da Guarda recordou que a Conferência Episcopal tinha reunido em Assembleia Plenária extraordinária, “para analisar as interpelações que nos vêm do relatório apresentado pela Comissão Independente para o estudo dos abusos de menores e vulneráveis na Igreja, em Portugal.
Disse que “de acordo com o comunicado final desta Assembleia Plenária e com a Conferência de Imprensa que se lhe juntou, os Bispos portugueses mostram a firma vontade de criar todas as condições para que a Igreja em Portugal, no conjunto da suas instituições e serviços, seja, cada vez mais, lugar seguro e de plena confiança sobretudo para as crianças, os adolescentes e os jovens e também para as pessoas com maiores debilidades”.
Explicou que “para isso, há o compromisso de identificar bem e erradicar todas as formas de abuso que existem; acompanhar e ajudar todos os que sofrem os seus efeitos; garantir-lhes meios necessários de terapia clínica, bem como humana e espiritual; tratar cada caso na sua especificidade, para que a verdade seja devidamente apurada e se possa fazer justiça”.
Entre os meios apontados para superar os males existentes e prevenir situações futuras, apontou as Comissões Diocesanas de Protecção de Menores e Vulneráveis, complementadas com a cooperação de serviços especializados de acompanhamento e terapia psicológica, humana e espiritual, incluindo com ligação a departamentos específicos do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente na área da psiquiatria. Outro dos meios passa pela criação de um grupo de trabalho especializado, com ligação à coordenação nacional das Comissões Diocesanas de Protecção de Menores e Vulneráveis, com linha aberta para receber queixas e dar-lhes o devido encaminhamento.
D. Manuel Felício adiantou que “para conseguirmos os desejados resultados na erradicação dos abusos e na criação da necessária segurança na Igreja e suas instituições, os Bispos prometem esforço renovado e bem conjugado de formação preventiva dirigido a todos os responsáveis pelas instituições da Igreja, incluindo os serviços paroquiais”. E acrescentou: “Instrumentos para isso já existem, como são as directrizes da Igreja sobre o assunto e, em particular as da Conferência Episcopal Portuguesa, do ano de 2020, que agora é necessário levar ao conhecimento e à prática de todos os implicados”.