Acabar com a dor e não com a pessoa

O dia 11 de Fevereiro foi dedicado de maneira especial aos doentes, com a celebração do XXVIII Dia Mundial do Doente.Na mensagem para esta ocasião, ao dirigir-se aos profissionais de saúde, o Papa Francisco lembra que “qualquer intervenção diagnóstica, preventiva, terapêutica, de pesquisa, tratamento e reabilitação há-de ter por objectivo a pessoa doente, onde o substantivo «pessoa» venha sempre antes do adjectivo «doente». Por isso, a vossa acção tenha em vista constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a actos de natureza eutanásica, de suicídio assistido ou supressão da vida, nem mesmo se for irreversível o estado da doença”.Numa sociedade que se diz moderna e evoluída, a dignidade e a vida da pessoa deveriam estar sempre em primeiro lugar mas sabemos que nem sempre é assim que acontece. Por isso, o Papa lembra, aos profissionais de saúde, que quando se defrontam “com os limites e possível fracasso da própria ciência médica perante casos clínicos cada vez mais problemáticos e diagnósticos funestos”, também eles são chamados a abrirem-se à dimensão transcendente, de maneira a encontrarem o sentido pleno da sua profissão. 
Numa altura em que Portugal volta a ser confrontado com a hipótese da despenalização da eutanásia na Assembleia da República, é importante olhar para este assunto de forma abrangente e séria. Não parece razoável legislar sobre este tema tão sensível de uma maneira leviana e despropositada. 
Não se percebe a pressa de alguns grupos parlamentares na aprovação de um diploma que em vez de querer acabar com a dor vai matar a pessoa. Nesta sociedade do descartável há cada vez mais necessidade de acompanhar as formas graves de sofrimento para evitar tanta carência de humanidade. Hoje e agora, o homem continua ser “o lobo do próprio homem”, ou seja é um animal que, em vez de defender, ameaça a sua própria espécie.