“Não vivamos um Natal a fingir, um Natal comercial, por favor!

Deixemo-nos envolver pela proximidade de Deus, que é compassiva, terna; envolver pelo clima natalício que a arte, a música, os cantos e as tradições trazem aos nossos corações”, disse o Papa Francisco, às delegações que este ano ofereceram a árvore e o presépio para a Praça de São Pedro.O Vaticano recebeu este ano um presépio dos Andes peruanos – da aldeia de Chopcca, uma comunidade do departamento de Huancavelica (Peru) – e uma árvore do norte da Itália, das florestas do Andalo, no Trentino.“Caros amigos, isto é Natal, não vamos deixar que seja contaminado pelo consumismo e pela indiferença. Os seus símbolos, sobretudo o presépio e a árvore decorada, remetem-nos à certeza que enche o nosso coração de paz, à alegria da Encarnação, a Deus que se torna familiar, vive connosco”, disse o Papa Francisco.Considerou que o “verdadeiro Natal” passa por cuidar dos outros, “especialmente dos mais pobres, dos mais fracos e dos mais frágeis, que a pandemia corre o risco de marginalizar ainda mais”.O tradicional presépio da Praça de São Pedro é composto este ano por mais de 30 peças alusivas aos Andes peruanos, em tamanho natural, usando materiais como cerâmica, madeira maguey (agave) e fibra de vidro; o Menino Jesus é apresentado como uma criança “Hilipuska”, envolto num típico cobertor huancavelica e amarrado com um “chumpi” ou cinto trançado.“As personagens do presépio, construídos com materiais e vestimentas próprias desses territórios, representam os povos andinos e simbolizam o chamamento universal à salvação”, considerou o Papa Francisco. E acrescentou: “A árvore e o presépio apresentam-nos o ambiente típico do Natal que faz parte do património das nossas comunidades: um ambiente rico de ternura, partilha e intimidade familiar”.O presépio artístico, que quer recordar os 200 anos da independência do Peru, é formado por imagens que retratam algumas partes da vida dos habitantes dos Andes e estão vestidas com trajes típicos de Chopcca.O Papa saudou ainda o simbolismo do “majestoso abeto” das matas do Andalo, com cerca de 28 metros de altura e 8 toneladas de peso, que “será admirado por peregrinos de diversos lugares”.“O abeto é um sinal de Cristo, a árvore da vida, uma árvore a que o homem não pôde aceder por causa do pecado”, indicou.“A árvore de Natal evoca o renascimento, dom de Deus que está unido para sempre ao homem, que nos dá a sua vida. As luzes dos pinheiros lembram as de Jesus, a luz do amor que continua a brilhar nas noites do mundo”, assinalou o Papa Francisco.As decorações incluem esferas transparentes com pedaços de madeira perfumados, da floresta do Trentino; algumas vão ser oferecidas a crianças em tratamento para doenças oncológicas, na Itália, com votos de boa recuperação.O Papa falou ainda do presépio que está exposto no Auditório Paulo VI, construído por jovens da paróquia de San Bartolomeo a Gallio, na diocese italiana de Pádua, que representa um típico abrigo de animais.“A razão da nossa esperança é que Deus está connosco, confia em nós e nunca se cansa de nós! Ele vem morar com os homens, escolhe a terra como sua casa para ficar connosco e assumir as realidades onde passamos nossos dias”, observou o Papa.O presépio e a árvore da Praça de São Pedro vão ficar em exibição até ao dia 9 de Janeiro de 2022, festa do Baptismo do Senhor, que encerra o período litúrgico do Natal.