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Um padre electricista, canalizador, administrador e restaurador

Arciprestado de Gouveia

“Garantir uma sustentação condigna” de forma a ter o suficiente para “pagar as despesas no final do mês” foi a razão que levou o Padre José Carlos Figueiredo Boto a enveredar pelo mundo do trabalho, primeiro como electricista e canalizador, a seguir como administrador de uma unidade hoteleira e, actualmente, como trabalhador de uma equipa de restauro de arte sacra.
“Trabalho à hora, para ter disponibilidade para as tarefas paroquiais que são sempre prioritárias em relação às outras”, explica o padre José Boto. E acrescenta: “Nunca falho às paróquias por causa dos outros trabalhos”.
A necessidade de encontrar meios de sustentação surgiu depois de deixar as aulas de Moral, na Escola Secundária de Gouveia. Tudo aconteceu no ano 2000 quando lhe foi proposto um horário lectivo de seis horas espalhadas por todos os dias da semana. Ainda tentou o reajustamento do horário por apenas dois dias mas como não foi possível abandonou o ensino.
Ordenado sacerdote em Fevereiro de 1993, numa altura em que desempenhava funções de educador no Seminário do Fundão, em 1995 foi nomeado pároco para a zona de Gouveia. Em colaboração com o Padre António Morais assistiu as paróquias de Folgosinho, Freixo, Nabais, Nespereira, Vinhó, Moimenta da Serra e Paços da Serra, a que se juntou, em 2000, a paróquia de Gouveia.
Nessa altura residia em Folgosinho, na Casa Paroquial. “Organizávamos tudo em conjunto e dividíamos o trabalho e as despesas”, explicou o padre José Boto.
A partir de meados de 2000 passou a ser pároco de Vinhó, Nespereira, Vila Cortês, Vila Ruiva e Nabais. Desta última acabaria por não tomar posse, ficando antes com Figueiró da Serra.
Pelo meio ainda desempenhou as funções de capelão do Hospital de Gouveia, cargo que exerceu até que aquele equipamento deixou de existir como tal.
“Sinto-me feliz porque sou padre e sou padre para as pessoas que tenho” explica cheio de boa disposição como é seu timbre. E acrescenta: “Não tenho as pessoas que queria, pois estão a ficar muito envelhecidas, estão a morrer e as crianças não nascem”. Sem considerar tratar-se de uma “visão catastrófica” mas de uma “visão realista”, explica que “nas paróquias em que em 2000 havia mais de 500 pessoas, actualmente não residem 150”. “Há poucas crianças e poucos jovens” e os poucos que há, como fecharam as escolas, são encaminhados para Gouveia. Este processo desenraíza os mais jovens das suas terras de origem, facto que também se nota nas celebrações religiosas.
Olhando para trás não esconde que “gostaria de voltar a ter paróquias com mais vida, com grupos de jovens, catequese e grupos corais”.
O Padre José Boto é natural de Sazes da Beira, concelho de Seia.

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