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Subiu ao Céu Aquele que desceu do Céu

Na proclamação da fé cristã, professamos que Jesus, após a ressurreição, “subiu aos céus onde está sentado à direita do Pai”. E o Catecismo da Igreja Católica assim descreve o mistério da Ascensão: “Esta última etapa (ascensão ao céu) continua intimamente unida à primeira, isto é, à descida do céu realizada na Encarnação. Só Aquele que «saiu do Pai» pode «voltar para o Pai»: Cristo. «Ninguém subiu ao céu senão Aquele que desceu do céu: o Filho do Homem».
Referindo-se à sua elevação na cruz, Jesus declarou: «E Eu, uma vez elevado da terra, atrairei todos a Mim». Mas também podemos aplicar esta afirmação como uma referência à sua glorificação à direita de Deus: tendo-nos precedido no Céu como nossa cabeça, para aí nos atrai como membros do seu corpo. Como a esperança de alcançar meta e vencer é o que motiva um atleta, assim o Céu é a meta que nos atrai, motiva e é fonte de esperança para esta vida: “subindo aos céus, como nossa cabeça e primogénito, deu-nos a esperança de irmos um dia ao seu encontro, como membros do seu corpo”.
A entrada de Jesus no Céu, não significa o abandono da terra e daqueles que nela peregrinamos. O seu corpo glorioso já não está limitado pelo tempo e pelo espaço, como esteve durante a encarnação (é a condição que nós próprios esperamos com a ressurreição da carne). Presente no Céu, na terra e em toda a parte, Jesus cumpre o prometido: “estarei sempre convosco”. Tendo entrado, uma vez por todas, no santuário dos céus, aí intercede incessantemente por nós; e na terra, a Igreja experimenta continuamente a força do Espírito Santo e o auxílio de Cristo: “o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam”.
Cristo morto e ressuscitado é a razão de ser da Igreja. A Igreja nasce na Páscoa e a Páscoa é o conteúdo da Boa Nova que ela deve continuamente anunciar. Recorda-nos hoje S. Marcos que foi Jesus ressuscitado a enviar os discípulos em missão: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”. Cristo envia a Igreja a anunciar o Evangelho e o Evangelho que ela anuncia não é outra coisa senão a pessoa de Cristo: a sua vida, a sua mensagem e a sua obra salvadora.
Os primeiros destinatários do evangelho são os próprios cristãos. Desde que S. João Paulo II usou a expressão “nova evangelização”, ela foi entendida como a necessidade de pregar o Evangelho não só àqueles que nunca ouviram falar de Jesus, mas também e em primeiro lugar àquelas pessoas que vivendo em países de tradição cristã, como os da Europa, e mesmo tendo recebido o Baptismo, na prática não são nem vivem como cristãs.
Jesus mostra que a resposta ao Evangelho deve ser a fé e o baptismo: “quem acreditar e for baptizado será salvo”. A nossa experiência actual, porém, diz-nos que muitos que receberam o baptismo e têm alguma fé, nunca chegaram a acolher o Evangelho como força transformadora da vida. Receberam o Baptismo e acreditam vagamente em Jesus, mas não vivem como cristãs.
“Pregai o evangelho a toda a criatura”, diz Jesus. Notemos que não diz só a todas as pessoas, mas sim “a toda a criatura”, isto é, a toda a criação. O Evangelho não é apenas uma mensagem nova, uma Boa Notícia. Ele contém em si uma força transformadora, capaz de mudar a vida das pessoas e de renovar a criação inteira. Por isso, Jesus promete acompanhar com milagres a pregação dos discípulos: expulsão de demónios, cura de doenças, falar em novas línguas. Estes milagres são chamados pelo evangelho de “sinais”, porque indicam e mostram o poder de Deus e o que Ele faz na vida de quem, sempre de novo, se deixa evangelizar.

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