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Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?

A palavra-chave no evangelho de hoje é coração. Nele escutamos : “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim”;

e a frase central de Jesus: “o que sai do homem é que o torna impuro, porque do interior do homem (do seu coração) é que saem as más intenções”.
Para a Bíblia, o coração representa o íntimo da pessoa, a sede das decisões, o ‘lugar’ onde se responde a Deus ou se resiste a Ele. O coração é a fonte de emoções como amor, tristeza, ansiedade ou alegria, mas em contraste com o uso moderno, ele é também a fonte do pensamento, da vontade e da consciência. Jesus declara, então, que a distinção religiosa entre puros e impuros é incapaz de trazer a pureza do coração, a pureza que Deus realmente deseja.
Directo como é sempre, Jesus chama os fariseus e escribas de hipócritas. E para ilustrar em que consiste a sua hipocrisia, cita uma afirmação do profeta Isaías, na sua origem dirigida a pessoas que se afastaram de Deus mas continuaram a praticar a religião, convertendo-a num mero formalismo. Ainda pior, vivendo uma vida de pecado, desligada da vontade de Deus, a sua religiosidade é falsa, pura hipocrisia.
A hipocrisia denunciada por Jesus é um problema real que se vai repetindo também no nosso tempo: a prática religiosa é superficial, não mais que uma tradição recebida, mera rotina, para quem não foi adequadamente evangelizado e cuja fé não tem impacto significativo na vida, nas opções e no comportamento.
Jesus refere-se a uma atitude dos fariseus e escribas que pode verificar-se entre cristãos: a tentação de fazer da religião uma máscara que esconde o que realmente se é como pessoa, de substituir a genuína obediência a Deus e à sua Palavra por uma prática religiosa estéril.
Na vida cristã o que é preciso e decisivo é um encontro pessoal com Jesus, capaz de levar à transformação profunda do coração e da vida. Só quando isso ocorre é que faz sentido a religião: ela já não é máscara que esconde e ilude, mas testemunho da verdade profunda daquilo que se é e se vive.
A certeza que “do interior do homem é que saem as más intenções” e a enumeração de vários vícios e pecados que o evangelho nos apresenta, são uma provocação a um sério exame de consciência, a não termos medo de reconhecer e chamar pelo nome aquilo que nos faz ter o coração longe de Deus.
Quando celebramos a Missa, antes de iniciarmos a oração eucarística, o sacerdote saúda a assembleia, exortando: “corações ao alto”. A resposta surge espontânea: “o nosso coração está em Deus”. Para que além de espontânea ela seja verdadeira, é preciso que durante a Eucaristia o nosso coração esteja todo voltado para Deus, mas para além disso, que seja vivida com um coração purificado de más intenções. A Eucaristia assim como toda a vida cristã. “Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?”

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