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OS CAMINHOS NOVOS DA PÁSCOA:  – A Comunidade – A Fé – A Misericórdia 

DOMINGO II DA PÁSCOA
DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA
Neste segundo Domingo da Páscoa, também chamado da Divina Misericórdia, a partir do ano 2.000 por instituição de São João Paulo II, é também a conclusão da oitava da Páscoa em que o Evangelho nos refere que o Senhor Ressuscitado confiou aos discípulos a misericórdia e o perdão dos pecados: “recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados…”
Assim o culminar da oitava da Páscoa sublinha que a vitória sobre a morte e o pecado passa a ser confiada aos seus discípulos, através do Perdão e assistidos pelo Espírito Santo, “Senhor que dá a Vida”.
Na primeira leitura encontramos a descrição sobre a primeira comunidade cristã de Jerusalém, que ainda hoje é dada como exemplo de comunidade viva e dinâmica. Por isso, refletir sobre as caraterísticas desta primeira comunidade é encontrarmos desafios para as comunidades cristãs de hoje e para a mentalidade individualista que entrou na vivência da fé dos que se dizem cristãos.
Segundo o exemplo destes primeiros cristãos, ninguém vivia a sua fé sozinho, ela era vivida e alimentada em comunidade nas quatro dimensões referidas: em primeiro, a formação com o intuito de fortalecer e consciencializar a fé – o ensino dos Apóstolos; em segundo a caridade que reflete o que crê o coração – a comunhão fraterna; em terceiro a vida sacramental, nomeadamente a Eucaristia, como fonte e cume de toda a ação da Igreja – a fração do pão; e em quarto e última a exigência no cuidado da vida espiritual e relação com Deus – as orações. Assim podemos dizer que tirando a dimensão comunitária da fé, ela fica sem ligação como a vide ou o ramo que é cortado à videira.
São Pedro na segunda leitura sublinha o louvor a Deus Pai, que na Sua grande misericórdia, nos fez renascer pela ressurreição de Cristo para “uma esperança viva, uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece, reservada nos céus para vós…” É esta esperança, e esta herança que nos anima para que nos momentos em que somos postos à prova vençamos com o auxílio do Poder de Deus. O amor e a fé que se tornam, segundo São Pedro, numa alegria indescritível são o fundamento do objetivo último de todos nós: “A salvação das vossas almas”.
São João, no texto do Evangelho deste domingo, refere-nos que o Ressuscitado se apresenta no meio dos seus discípulos, que estavam fechados em casa e os saúda com o objetivo de os tranquilizar: “A Paz esteja convosco”.
Só em Paz eles serão capazes de ver nos sinais da crucifixão, as mãos e o lado, o Mestre e Senhor que está vivo no meio deles. Por isso, este texto, tendo na reação de Tomé às palavras dos companheiros, a razão para que Jesus o confrontasse na sua fé, encontro na ação dos seus companheiros algo mais interpelativo para a Igreja e as comunidades que se reúnem semanalmente para celebrar a fé. Assim a reação dos discípulos foi ao verem o Senhor, ficarem cheios de alegria; ao estarem com Jesus Ressuscitado foi algo que mexeu com eles, algo que lhes tocou fundo e por isso aquele que não estava com eles nesse dia foi o destinatário da sua experiência: – Vimos o Senhor!
O que será necessário mudar, acrescentar ou tirar às nossas celebrações dominicais, para que, quem participe nelas, seja tocado de forma tão significativa que possam partilhar a sua experiência com quem não esteve presente. Entramos e saímos das nossas celebrações comunitárias da fé, sem que nada nos toque, ficando simplesmente na mesma, afinal o que está a acontecer connosco e com a nossa fé comunitária? Ir só por ir, para ficar na mesma, é como irmos ao encontro de uma pessoa amiga, e do tempo que estivemos com ela, não ficou marca alguma para nos fazer querer estar de novo.
Hoje Domingo da Divina Misericórdia, temos a certeza que em Deus ela não nos falta, mas temos de nos convencer que o próprio Senhor Jesus nos confiou, a nós a Sua Misericórdia, tornando-nos por isso portadores da misericórdia divina… por isso também nos devemos interrogar… O que temos feito com Ela!

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