Celebramos, neste Domingo, a festa da Exaltação da Santa Cruz. Com ela, a Igreja quer sublinhar que é da cruz, sinal do amor infinito de Deus pela Humanidade, que recebemos a Salvação, a Vida eterna.
Antes de Jesus a cruz já existia como instrumento de morte, símbolo da crueldade com que certos condenados à morte eram castigados. Depois da Páscoa, no entanto, os cristãos puderam ver na cruz de Jesus um sinal de vitória: foi ali que Jesus Se ofereceu em sacrifício ao Pai, expiou os nossos pecados e venceu a morte. O instrumento de morte foi transformado em árvore da vida! É por esta razão que os cristãos exaltam a cruz, reconhecendo-a como sinal e instrumento da salvação.
É a Palavra de Deus, como sempre, que nos ilumina e nos faz compreender o significado profundo do mistério da cruz. No Evangelho, em diálogo com um fariseu chamado Nicodemos, Jesus recorda o curioso episódio narrado na primeira leitura, onde se diz que quem olhava para uma serpente de bronze colocada por Moisés num poste, depois de ter sido mordido por serpentes venenosas, ficava curado. Este episódio é visto por Jesus como um símbolo do que viria a acontecer através d’Ele: o Filho do Homem elevado e colocado na cruz, torna-se fonte de salvação para todos os que tiverem sido mordidos pela serpente, isto é, pelo pecado.
Jesus sabe que foi enviado pelo Pai a fim de nos libertar daquilo que nos impede de viver em plenitude a vida: o pecado e a morte. Ele veio por nós! “Para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna e seja salvo por Ele”.
O extraordinário hino da epístola de S. Paulo aos Filipenses exalta com poucas mas pesadas palavras a história do Filho de Deus, da sua encarnação, morte na cruz, ressurreição e exaltação à direita do Pai. Embora sendo de condição divina, quis assumir a condição humana. Sendo imortal, quis experimentar a morte para a vencer por nós. Sendo Deus, humilhou-se e fez-se servo dos homens para que estes sejam salvos e tenham a vida eterna.
“Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito”. Deus manifestou o seu amor ao mundo na Encarnação e na morte do Filho. Diante destes mistérios, não podemos deixar de cair de joelhos… Deus amou tanto o mundo!
Ó admirável amor! Amor maior do que a morte e o pecado humanos. Amor que neste dia somos convidados a contemplar pondo os olhos na cruz. Hoje pode ser um bom dia para entrar numa Igreja e permanecermos algum tempo em silêncio diante da Cruz. Silêncio de contemplação e de oração profunda. Sem pressa. Sem palavras. Deixemos que fale apenas a cruz. Até ao momento em que, com convicção e comoção, possamos fazer nossas as palavras do apóstolo Paulo: “Toda a minha glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que me amou e se entregou por mim”.