Depois de Jesus ter purificado o templo, em Jerusalém, veio ter com Ele um fariseu chamado Nicodemos. Veio de noite, à procura de Jesus, à procura da luz. Com Nicodemos, vamos também nós, na Quaresma, ao encontro de Cristo, Luz do mundo, deixando para trás as noites da existência, as trevas do pecado.
Parte do diálogo entre Jesus e Nicodemos é apresentado no evangelho deste IV Domingo da Quaresma. Nele, Jesus fala acerca do mistério da sua morte e de como esta morte é fonte de vida e de salvação para quem acredita n’Ele.
A morte de Jesus é, de facto, um mistério. Por um lado, o modo como Ele morreu é humilhante. Assim dirá S. Paulo: “Cristo humilhou-se até à morte e morte de cruz”. Mas ao falar da sua morte a Nicodemos, em vez de humilhação, fala de elevação: “O filho do Homem será elevado”.
Ao ser elevado, na cruz, Jesus eleva o amor ao seu máximo grau: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida”. Ao mesmo tempo, na morte manifesta todo o amor de Deus pela Humanidade: “Deus amou tanto o mundo que lhe entregou o seu Filho unigénito”.
É graças ao amor com que vive a morte, que Jesus a vence. O amor mais forte do que a morte. Por isso, a sua morte é fonte de vida, de vida eterna. Deste modo, entendemos a afirmação de Jesus: “o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna.”
Não é fé cristã crer que Jesus morreu. A única fé digna de um cristão consiste em acreditar que Jesus morreu e ressuscitou. Trata-se de acreditar que, por um amor maior, na cruz “foi elevado” mas também que, ressuscitando, foi elevado ao Céu e colocado à direita do Pai. O mistério da Paixão e Morte de Cristo não se pode compreender e viver sem a luz da Ressurreição.
Se vamos ter com Jesus de noite, como Nicodemos, é para que se faça luz na nossa vida. É parta passarmos das trevas do pecado à vida nova da graça. É para passarmos de uma fé estéril e morta, a uma fé viva e fonte de vida.
A única fé digna de um cristão é aquela que nos faz livres, “do pecado e de toda a perturbação”. Que faz caminhar às claras, pois “quem pratica a verdade aproxima-se da luz”. Uma fé que nos faz viver de verdade. E da verdade. Que nos faz viver, em Deus, uma vida nova, própria de gente salva.