DOMINGO XXX DO TEMPO COMUM
A Palavra de Deus que nos é proclamada, neste XXX Domingo do tempo Comum, coloca diante de nós a dimensão vertical e horizontal do Amor vivido no nosso dia a dia. A dimensão vertical, identificada com o amor a Deus e a dimensão horizontal identificada com o amor ao Próximo, pratica-se no concreto da vida e revela a lucidez na vivência da fé.
A primeira leitura, lembra que o Senhor Deus, está sempre do lado dos mais simples e dos mais pequenos, já que devem ser bem tratados e respeitados. No evangelho Jesus lembra que todas as prescrições e decretos em que se multiplicaram os Dez Mandamentos, para avaliar todos os comportamentos na relação com Deus, estão resumidos em dois, primeiro Amar a Deus e segundo Amar o Próximo, o primeiro não subsiste sem o segundo e o segundo não subsiste sem o primeiro. Na segunda leitura, é revelada a alegria de São Paulo pelo modo como a comunidade cristã de Tessalónica vive a sua fé, tornando-se referência para as comunidades cristãs vizinhas.
Assim a primeira leitura do livro do Êxodo, coloca na boca do Senhor Deus os alertas necessários dirigidos aos membros do Seu povo para não maltratarem os estrangeiros, as viúvas e os órfãos, porque senão serão castigados.
O apelo recorda-lhes a condição de estrangeiros que viveram no Egipto, para que procedam com respeito e cuidado pelos que vêm de outros povos e assim estarem conscientes que, se o não fizerem Deus toma partido por eles. As viúvas e os órfãos eram também esquecidos e abandonados e o mesmo apelo surge na boca do Senhor Deus, não serem maltratados porque senão Ele atenderá o seu clamor e infligirá o Seu castigo.
Por isso, esta primeira leitura vinca bem de que lado Deus está e que o clamor dos simples, pequenos, discriminados e maltratados será sempre escutado com prontidão.
No evangelho, a pergunta para embaraçar Jesus, sobre qual era o maior mandamento da lei, dá-Lhe a oportunidade de esclarecer que o Amor a Deus não se concretiza sem o Amor ao Próximo e neles, Amor a Deus e Amor ao Próximo, se resumem toda a Lei e os Profetas. Assim, para Jesus, a dimensão vertical do Amor que os judeus em geral e os fariseus em particular, tanto valorizavam, por isso surgiram todos os preceitos e prescrições para avaliar o cumprimento da Lei, só tem sentido com a dimensão horizontal, amor ao próximo, que os mesmos fariseus desvalorizavam. Por isso, Jesus é duro para com eles, quando lhes chama hipócritas, por quererem ser os cumpridores da lei perfeitos esquecendo-se do auxílio e amor ao próximo. Assim recordamos do que diz São João numa das suas cartas, “Quem diz que ama a Deus, que não vê, mas não ama o seu irmão que vê, é mentiroso”.
Então Jesus, aponta para todos os que O querem segui que a dimensão vertical do amor (para com Deus) de a dimensão horizontal do amor (para com o Próximo) são indissociáveis e complementam-se na perfeição.
Assim hoje, os crentes são interpelados a fazer a avaliação da vivência da fé, com incidência nestas duas dimensões da prática cristã. – Reconheço a presença de Deus no meu próximo? – Como amo a Deus? – Posso fazer bem ao meu próximo sem ser movido pelo amor a Deus?
São Paulo na segunda leitura, ajuda-nos a dar sentido a esta reflexão, na medida em que vê na comunidade cristã de Tessalónica, o crescimento na fé verdadeira, o empenho que os membros puseram na aceitação do Evangelho e na vivência do mesmo, que levou a serem exemplo e referência para as comunidades vizinhas.
Assim, o exemplo dos Tessalonicenses de deixarem de lado o culto aos deuses pagãos e o assumirem verdadeiramente a fé em Cristo, revela o crescimento e amadurecimento na vivência do amor a Deus e no amor ao Próximo.
Hoje necessitamos de cristãos comprometidos nas paróquias e comunidades cristãs, para que a vivência do amor a Deus e ao Próximo, no concreto da vida, dê esperança a um mundo que anseia por tempos melhores.