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“Convidai todos os que encontrardes”

Deus faz parte da nossa história e da nossa vida. Entrando nela, Deus faz da história da humanidade história de salvação. Caminha connosco, com cada pessoa e com cada povo, para nos acompanhar, ensinar e convidar a entrar no banquete eterno, “preparado para vós desde o princípio do mundo”. Disto nos fala a Palavra de Deus.

Nos três Domingos anteriores, Jesus usou o símbolo da vinha para falar do Reino do Céu. Hoje serve-se da imagem de um banquete. Na sua linguagem simbólica, compreendemos que o rei que preparou um banquete é símbolo de Deus; os primeiros servos enviados representam os profetas e os últimos os discípulos de Jesus; as núpcias do filho do rei são as núpcias do Cordeiro (Cristo) com a Igreja; a recusa ao convite para o banquete, é imagem do pecado, de quem se recusa a aderir ao convite da salvação.
Já o profeta Isaías anunciava, na primeira leitura, o banquete que o Senhor do Universo ia preparar, banquete de festa e felicidade eterna, porque o “Senhor Deus destruirá a morte para sempre. Enxugará as lágrimas de todas as faces”. Graças à Páscoa de Jesus, isto deixou de ser promessa e tornou-se realidade: n’Ele está a nossa salvação.
Como Isaías, também outros profetas foram enviados a chamar os convidados para a festa. Os primeiros convidados foram os membros do povo de Israel. A maior parte deles não fizeram caso do convite: “foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos.” Apesar disso, Deus, na sua bondade infinita, não desistiu de nos chamar à salvação e à felicidade; pelo contrário, insistiu e enviou novos servos, os discípulos de Jesus, dizendo-lhes: “Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes”.
Deus quer que todos os homens se salvem, que todos os seus filhos habitem para sempre na sua casa e se sentem à mesa dos santos, no Céu. Este desejo de Deus encontra-se com a nossa liberdade, com a possibilidade de recusarmos o convite, de Lhe dizermos um não definitivo. A condenação eterna, o inferno, é uma possibilidade real, consequência da liberdade humana que Deus respeita e leva a sério. Tudo isto nos deve servir de alerta e ajudar a tomar consciência da importância e do peso dos nossos pecados.
“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele”, diz S. João. Por isso nos manda: “convidai para as bodas todos os que encontrardes”, maus e bons… “Ide às encruzilhadas dos caminhos”, sem medo de percorrer zonas escuras, de lidar com pessoas pouco recomendadas, de falar aos grandes deste mundo ou aos marginalizados, de entrar nas dores e angústias, alegrias e tristezas de cada casa e de cada família, de ir às periferias da sociedade, como insiste o Papa Francisco. Todos somos enviados. Anunciar o evangelho é entregar a cada pessoa um convite de casamento, em nome de um Deus que quer fazer festa com os homens, que tem as portas do Reino abertas e pronta a mesa do Banquete. Felizes os convidados!
Para entrar no Banquete só há duas condições: aceitar o convite e levar um traje adequado, “o traje nupcial”. O que quer isso dizer? Aceitar o convite significa aceitar o evangelho, aderir ao estilo de vida aí proposto por Jesus; o traje nupcial é a caridade, o bem praticado. De facto, o livro do Apocalipse, descrevendo a Igreja como noiva de Cristo, diz que Ele ofereceu à Igreja “um vestido de linho resplandecente e puro”. E esclarece: “o linho representa as boas obras dos santos”. Não somos salvos pelas obras, mas sim pela adesão a Cristo e ao evangelho. Mas as boas obras, a caridade, são o sinal de que a nossa adesão ao evangelho é real, a prova de que é autêntico o nosso sim ao convite para o banquete das núpcias do Cordeiro.

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