DOMINGO XV DO TEMPO COMUM
Neste XV Domingo Comum, a liturgia da Palavra apresenta-nos as imagens da chuva, da neve e da semente, como exemplos da Palavra de Deus.
A chuva e a neve caiem do céu para regar a terra e fazer com que ela produza o alimento do semeador e a semente lançada, tem na terra boa e preparada o espaço próprio para germinar e dar fruto, ao contrário da beira do caminho, da terra pedregosa e entre os espinhos.
A primeira leitura do livro de Isaías apresenta a missão da Palavra que sai da boca de Deus: produzir o seu efeito e cumprir a Sua vontade. Por isso, é comparada à ação que a chuva e a neve tem sobre a terra, para que esta produza e dê frutos para alimentar o semeador.
Assim como a chuva que vem do céu e cai sobre a terra, também a Palavra vem de Deus que está no céu e é na terra que é chamada a produzir o seu efeito e a dar fruto que é a consequência da aceitação e transformação que Ela produz no coração dos Homens.
A Palavra de Deus continua hoje a ser proclamada, para que realize a Sua missão nos corações dos homens e mulheres do nosso tempo. Contudo apesar das dificuldades do presente somos chamados a ver nos “poucos” frutos a semente de esperança de uma nova realidade.
No texto do Evangelho de São Mateus, na sua forma longa, Jesus fala do Semeador que sai a semear.
Jesus sentado num barco fala para a grande multidão que está na margem, e fala com uma linguagem simbólica, em parábolas para que a Sua mensagem seja entendida por aqueles que de coração sincero O querem seguir. Por isso, ao contar a Parábola do Semeador que lança a semente, diz que enquanto semeava, algumas sementes caíram ao longo do caminho, outras caíram em sítios pedregosos, outras caíram entre espinhos e outras caíram em terra boa.
Realmente é assim que acontece ao semeador, que tem preparada a terra boa para a sementeira, mas há sempre aquela terra que não foi amanhada, porque é caminho ou tem muitas pedras ou é espinhosa e onde algumas sementes vão cair, sabendo de certo que só a que caiu em terra boa é que vai dar fruto.
Mas jesus queria ir mais longe nesta imagem dos diferentes tipos de terra onde cai a semente e por isso transpondo a semente para a Palavra de Deus, Ele próprio dá a explicação: Ouvir e não compreender a Palavra é ocasião para vir o maligno e arrebatar o que foi lançado ao coração. Como as sementes que caíram ao longo do caminho e que ficaram à mercê das aves. Por isso, no coração do homem a superficialidade, a negligência ou a falta de empenho em acolher a Palavra de Deus, ajudada pela preguiça em querer aprofundar, ou a inércia de querer progredir no conhecimento do Evangelho, não criam a profundidade suficiente para que a Fé tenha a solidez de alicerces, necessária à sua fortaleza.
Ouvir e acolher no momento, com alegria e entusiasmo a Palavra, mas faltando as raízes próprias pela inconstância acontece que quando surgem dificuldades e exigências, desiste e sucumbe na fragilidade da Fé. Os sítios pedregosos com terra pouco profunda, representam a instabilidade humana do crente no acolhimento da Palavra de Deus. Só com perseverança e maturidade a fé vai criar raízes em Cristo, para que quando surgir alguma contrariedade, a fé seja suficientemente firme para ultrapassar essa fase.
Ouvir a Palavra, mas a preocupação é outra, é aquele que nele os espinhos crescem e não dão espaço para que a fé tenha lugar e produza fruto. É como um lindo jardim, que é necessário cuidar constantemente, para que as ervas daninhas não ofusquem a beleza e o crescimento das flores, por isso os frutos da Palavra de Deus em nós podem estar constantemente ameaçados com a falta de vigilância que pode degenerar em corrupção espiritual que nos distancia da intimidade com Deus.
Aquele que Ouve a Palavra de Deus e a compreende, esse dá fruto e produz com abundância.
Assim a Parábola do Semeador, desafia-nos a ser boa terra que ouve e compreende a Palavra de Deus para produzir abundantes frutos na Igreja e no mundo.