DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM
O alerta para tentação desta Palavra ser manipulada, para corresponder aos interesses dos homens.
A liturgia da Palavra deste XXXI Domingo Comum coloca como pontos de reflexão a coerência na vivência da fé, a postura simples e humilde dos que querem seguir os caminhos de Deus e a responsabilidade acrescida daqueles que têm a missão de acompanhar, dirigir e viver com os valores da Palavra de Deus. Ela é realmente a Palavra ativa que vivifica a vida dos crentes e não deve ser desvirtuada como palavra humana que serve os interesses de alguns que querem ser vistos como superiores.
Assim a Palavra de Deus, proclamada no hoje da História não é uma coisa do passado, mas sim a Boa Nova intemporal que deve ser acolhida em cada tempo como voz atual da vontade divina.
A primeira leitura da profecia de Malaquias é bem clara na chamada de atenção, por parte de Deus, aos sacerdotes que estavam a usar a Palavra de Deus como justificação para poderem atingir os seus fins desonestos. A aceção de pessoas manifestava a maneira e o modo de proceder das autoridades religiosas, desvirtuando a sua missão e usando em benefício próprio a exploração exercida sobre o povo.
É através do profeta de Malaquias que Deus faz saber, aos que procedem assim, o castigo que sofrerão: serão vistos como “desprezíveis e abjetos” diante do povo.
São Paulo na segunda leitura deixa o exemplo, como ele e os seus colaboradores viveram no meio comunidade, para que a sua pregação também tivesse base sólida no seu modo de viver. Foi na humildade e no carinho materno que São Paulo e os seus companheiros viveram a sua presença e missão evangelizadora, criando laços de forte amizade, na comunidade de Tessalónica, sendo esta base, para que a Palavra anunciada, fosse acolhida como Palavra de Deus.
Assim a segunda leitura coloca diante de nós a resposta ao desvirtuamento da missão dos sacerdotes e líderes religiosos que a primeira leitura nos fala, já que será esta postura que a missão dos responsáveis religiosos requer, estando no meio da comunidade, criando laços com todos os membros, pela humilde, dedicação e honestidade, para que a sua postura credibilize a Palavra anunciada como Palavra de Deus e não como palavra humana.
O texto do evangelho resume todo este ensinamento da primeira e da segunda leituras, através das palavras de Jesus: “Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”.
Assim Jesus diz-nos que, ser Seu discípulo, não requer um “estatuto” ou título, mas uma disponibilidade para servir os outros. Por isso na vida cristã prevalece uma hierarquia de serviço, em que àquele que muito se dá muito se exige, num desafio permanente ao compromisso e à entrega aos demais.
Só assim se entende que Jesus nos faça o apelo à coerência visível entre o que se diz e o que se faz. A renovação necessária do testemunho de vida cristã que impreterivelmente vive desta consonância entre a vida interior e a vida exterior, e não de um farisaísmo que está centrado nos rituais exteriores, sendo que isso mova a um verdadeiro, profundo e transformador encontro co Deus.
Por isso, o convite à humildade é o desafio a fazer à Igreja e também a coerência para basear no testemunho a Sua própria autoridade e não o poder temporal que noutras épocas viveu. Só na comunhão perfeita com Deus se faz tudo isto, já que Ele é fonte de todas as graças e o único guia da comunidade, ao qual todos se devem submeter e no qual todos se devem reconhecer como irmãos e iguais em dignidade.