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Realizar o mandato de transmitir o Evangelho

Na mesma hora de Jesus subir às alturas, comunicou aos primeiros seguidores a sua ordem: “Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a toda a criatura, ensinando quanto vos mandei”.

Desde logo, o incremento da salvação, com a ajuda do Espírito Divino enviado no Pentecostes, foi iniciado, com o favor celeste.
É a pregação de Jesus a prolongar-se pela Igreja, través de toda a terra.
Nem sempre a forma de transmitir a Revelação, através dos séculos e dos lugares, tomou igual faceta e aspecto.
Tendo de ser fiéis ao seu iniciador, Cristo, última Palavra da Revelação antiga, os cristãos, para cumprirem o mandato recebido, irão adaptar-se ao pensar das épocas, às mentalidades dos tempos, aos meios técnicos cada vez mais avançados, ao viver humano nem sempre idêntico, no passar da história.
Desde o princípio, há quem fale no entusiasmo de amor simples mas profundo; há quem escreva suas experiências espirituais; há quem organize planos de apostolado.
Vão-se acomodando as actividades não apenas segundo o temperamento de cada agente mas ainda conforme a reacção do ser e actuar da pessoa a quem se dirigem
 Se consultarmos a acção evangelizadora, através dos tempos e espaços, confrontar-nos—emos com reais diferenças conforme as mentalidades próprias de cada povo, as exigências de cada época, sem excluir, já se vê, o fundamental que é sempre a comunicação do plano e vontade divinos de outorgar a toda a humanidade a graça e o amor.
Comunicar este querer divino dir-se-á salvar, remir, reaver a humanidade que deve entrar na glória eterna, conforme o uso das expressões. Mas em obra tão complexa, uma vez, se faz ressaltar a história do Salvador, noutra, se dará conta das consequências de tal facto para os crentes e das obrigações a que são chamados.
Os intelectuais da primeira hora escreveram resumos bem elaborados da sua fé e expuseram as suas ideias com a força das suas convicções, sem subjugar-se ao poderio dos governadores, às riquezas dos grandes ou mesmo à formação científica dos eruditos de então. Chegavam a dirigir tais opúsculos, a que foram dando o nome de apologias, aos imperadores e soberanos. Daqui, os seus autores tomarem o nome de apologetas.
Aí, com profundidade de pensamento, com agudeza de espírito, sem temerem respostas ou mesmo perseguições, com simplicidade de alma e intrepidez de espírito, iam não só expondo o seu pensar como ainda os efeitos a auferir pela sociedade civil e ainda pelos indivíduos.
Ao estilo, geralmente elegante, juntavam o anúncio dos acontecimentos revelados e a defesa acalorada de tantas e tão profundas ideias. Jamais se extinguiu esta forma de polémica prolongada até aos nossos dias.
Agora, porém, porque se vive na obrigação de respeitar as ideias dos outros, sem se poder atacar ninguém, a apologia perdeu um certo ardor e desenvoltura, encaminhando-se as formas de espalhar o Evangelho por moldes nem sempre fortes e decisivos nem muito menos explicando as obrigações de seguir a verdade. E para respeitar a liberdade interior de cada qual, não se toma, com audácia e desassombro, a força interior da posse da certeza.
É usado, com mais diligência e solicitude, o diálogo com a precaução de não ferir o íntimo de ninguém. Insiste-se na exposição simples da história da salvação acompanhada com o testemunho dos crentes e das transformações operadas nos ambientes humanos, ao mesmo tempo que se trabalha com as verdades da fé e as máximas da razão, e, deste modo, se comunicam, com familiaridade e lisura, as obrigações derivadas do ensinamento divino.
Desde a época dos Apóstolos, anunciava-se o acontecimento sobrenatural e chamava-se  a tudo isto evangelização. Depois, elogiava-se e promovia-se a doutrina, explicitando a sabedoria nela contida. As pessoas entusiasmavam-se com a maravilha da coerência tanto intelectual como prática. Em seguida, trabalhava-se sobretudo com o apontar dos frutos, marcadamente no amor prático manifestado nas comunidades cristãs.
Na reflexão sobre as verdades da fé, na coerência do agir dos crentes, na exemplaridade de que eles revestiam o seu viver, havia um apelo que, com a força do Alto e a graça do Espírito, ia mudando o coração dos humanos.
Nestes dias que correm, abandonou-se um tanto, a apologética, isto é, a defesa e o elogio da crença cristã para não perturbar a consciência de quantos, convivendo connosco, não são agitados por estes problemas.
Ora comunicar uma notícia repleta de alegria e paz, solidariedade e amor, não irá perturbar os outros, mas, pelo contrário, torná-los-á participantes do nosso gozo e esperança e da felicidade futura.
Sobretudo alguns pais devem compreender que mantendo o silêncio sobre as coisas religiosas não estarão a respeitar a liberdade dos seus, porque esta não se confunde com ignorância, nem muito menos com tal ocultação fica preparada a fonte de regozijo e  gozo para os séculos além.
Apologia do cristianismo tem de promover-se e difundir-se, segundo a fé, respeitando a liberdade alheia, sem qualquer afã de ordem impositiva nem tirania e despotismo repletos de violência constrangedora.
Para tanto é indispensável usar a honestidade intelectual repleta de coerência no agir quotidiano, pois pensar uma coisa e fazer outra não possuirá coerência que encarne e incuta a  verdade.

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