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“Não é bom que o homem esteja só” – foi a observação do Criador, logo no princípio do mundo, ao reparar na solidão da criatura mais perfeita por Ele criada, no sector dos corpóreos.

Daqui, ficamos a saber que o isolamento humano e a sua mudez, longe de surgirem como descanso e serenidade aparecem como defeito para a sua excelência e plenitude.
A pessoa humana, como o demonstra a nossa índole, está norteada para uma vida social e de comunhão com o seu próximo. Daí a necessidade de comunicação a todos os níveis e a necessidade de orientarmos com regras e ordenações as convivências de todo o género.
Ao vir à terra, Deus estabelece estruturas determinadas para o bem da humanidade e, desde a estrutura da sua Igreja até ao ordenamento das relações comuns, aponta formas de os homens se ajudarem na realização pessoal e colectiva.
Um desses pontos importantes cada vez com maior eficácia, serão os meios de comunicação social que, por nos nossos dias, terem tanta importância, até o Concílio Vaticano II lhes dedicou um decreto, quase logo no seu início, e desejou que se prolongasse numa reflexão anual, a fim de se aperfeiçoar cada vez mais a coesão e harmonia do relacionamento humano.
Este ano, ao viver-se o tempo da misericórdia, tornada indispensável na convivência humana a qualquer nível, o Papa Francisco propôs que fixássemos este assunto sob a reflexão “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”, encetando a sua mensagem deste modo: “O Ano Santo da Misericórdia convida-nos a reflectir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia”.
Nesta sociedade dilacerada de muitos modos por tanta condenação e vingança, torna-se indispensável a harmonia dos indivíduos e dos povos, por isso, a Mensagem papal para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais lembra que “a comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade”.
Abrir-se à partilha, tentar a compreensão, escolher os meios que costumamos usar para estarmos a par dos actuais acontecimentos tanto os próximos como os longínquos, não só para obter informações precisas como para dispor o futuro na paz e quietude, com ambiente favorável e próspero será um dever que a todos incumbirá para que a terra tome outra feição serena e venturosa não apenas para nós e nossos grupos mas para quantos desejam a felicidade de todos.
Para tanto, necessário se torna moderarmos as aspirações, colocando-nos no lugar dos outros, seguindo a norma antiga dos nossos antepassados: “Faz aos outros o que quiseres que te façam a ti”. Desta forma, procuraremos o bem de quantos desejam ser felizes, sem termos em mente apenas os nossos benefícios e vantagens, num egoísmo feroz porque não tem em conta os anseios e pretensões dos outros.
O nosso semanário ‘A Guarda’ também com as sua limitações e penúrias nem sempre faz o melhor para bem dos seus leitores e dos ambientes em que nos coube viver. O esforço de todos os dias para oferecermos uma contínua melhoria depende de muitas circunstâncias e condições.
No final do Decreto sobre os meios de comunicação social, os Padres Conciliares exortavam o povo cristão a retomarem as suas responsabilidades para que os Meios de Comunicação Social sejam também uma forma do seu labor apostólico e do seu interesse pelo bem da humanidade: “Para que se revigore o apostolado da Igreja em relação com os meios de comunicação social, deve celebrar-se, em cada ano, em todas as dioceses do mundo, a juízo do Bispo, um dia em que os fiéis sejam doutrinados a respeito das suas obrigações nesta matéria, convidados a orar por esta causa e a dar uma esmola para este fim, a qual será destinada a sustentar e a fomentar, segundo as necessidades do orbe católico, as instituições e as iniciativas promovidas pela Igreja nesta matéria”.
Como, dentro de dias, vamos lembrar o 112º aniversário do primeiro número do nosso jornal e, no domingo transacto, nos unimos a todas as dioceses do mundo, celebrando o 50º dia mundial das comunicações sociais, saibamos ter em conta este dever cuja responsabilidade nos é tão lembrada.

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