Missão fundamental da Igreja: anunciar o Evangelho

Ao deixar a terra onde veio viver para cumprir a missão de salvar a humanidade, tornando-a filha de Deus e herdeira da glória e felicidade celeste,

Jesus fez a última recomendação aos discípulos tornada uma incumbência: “Foi-Me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, doutrinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo quanto vos mandei. Eu estarei convosco até à consumação dos séculos”.
Foi o envio dos apóstolos para toda a terra, até ao final dos tempos. Tal foi o mandato, a continuar, com a presença e ajuda do Mestre divino, acompanhado do seu Espírito, até acabar o mundo.
S. Marcos termina o seu relato acrescentando: “Eles partiram a pregar por toda a parte, cooperando o Senhor com eles e confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam”. S. Lucas, logo no início do seu testemunho acerca da vida da Igreja, ao narrar a ascensão, conta o preceito animado com a energia do Alto: “Quando o Espírito Santo vier sobre vós, recebereis uma força e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra”. E S. João, na sua primeira carta, confirma: “Porque a Vida Se manifestou, e nós vimos e atestamos e vos anunciamos a Vida eterna que estava junto do Pai e nos foi manifestada e o que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos para estardes em comunhão connosco”.
Deste modo, interpretaram os evangelistas a incumbência recebida pelos primeiros seguidores de Cristo, incumbência que ainda perdura no mundo e continuar-se-á sempre, através da Igreja.
É para manter esta atitude evangelizadora, arreigando-a mais e mais no povo católico, que se instituiu, no terceiro domingo de Outubro, o Dia Missionário. Ele nos vem recordar, para reter no íntimo, a obrigação de que a toda a Igreja concerne: difundir a Boa Nova, através dos tempos, e anunciá-la à terra inteira.
Se estamos a comemorar o quinquagésimo aniversário do Vaticano II, Concílio onde se tratou sobretudo da vida da Igreja e, muitas vezes, se debate esta questão, concedendo-lhe um Decreto bem desenvolvido, bom é que repitamos seu ensinamento dedicado a este dever que incumbe sobre cada um dos membros da Igreja, embora não em igualdade absoluta, porque nem todos possuem a mesma vocação e carisma.
Neste Decreto escrito sobre a actividade missionária da Igreja, vai-se ler o essencial sobre este mandamento do Senhor: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo”.
Mas em outros documentos do mesmo Concílio, frases se encontram a explicar ou desenvolver outros pontos atinentes a este campo. Na imensidade de tantas afirmações sobre este assunto, respiguemos apenas:
“A Igreja recebeu dos Apóstolos o mandato solene de Cristo de anunciar a verdade da salvação e de a levar até aos confins da terra” – confirmação do que está dito no decreto “Ad gentes”. “Para promover a glória de Deus e a salvação de todos, a Igreja lembrada do mandato do Senhor: ‘pregai o Evangelho a toda a criatura’, procura zelosamente impulsionar as missões” – prova de quanto se tem feito através dos séculos. “Seja a cura de almas sempre penetrada de espírito missionário para abranger, como deve, todos os que vivem na paróquia” – conselho dado aos párocos e capelães das regiões de velha cristandade. “Acostumem-se os leigos a trabalhar na paróquia intimamente unidos aos seus sacerdotes, a trazer para a comunidade eclesial os próprio problemas e os do mundo e as questões que dizem respeito à salvação dos homens, para que se examinem e resolvam no confronto de vários pareceres. Acostumem-se, por fim, a prestar auxílio a toda a iniciativa apostólica e missionária da sua comunidade eclesial na medida das próprias forças. (…) Assim devem interessar-se pelas necessidades do Povo de Deus disperso por toda a terra. Em primeiro lugar, façam suas as obras missionárias, prestando auxílios materiais ou mesmo pessoais. Pois é dever e honra dos cristãos restituir a Deus parte dos bens que d’Ele receberam” – sentença a acompanhar os deveres de todos os leigos.
Para além deste conjunto de citações tiradas dos textos conciliares, porque está passando o cinquentenário dessa excelente e primorosa assembleia, poderíamos acrescentar muitas outras repetidas pelos Papas, ao longo deste tempo.
Vejamos apenas um extracto da encíclica do Papa actual na carta enviada a toda a cristandade:, ‘Alegria do Evangelho’: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui para toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos”.
Aproveitar esta semana para robustecer o impulso apostólico de ajudarmos, por todos os meios, o trabalho incomensurável realizado pelo mundo além, sobretudo nos territórios ainda não evangelizados, eis um alvitre, a apontar a leitura do Decreto sobre a actividade missionária da Igreja.

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