O Senhor Jesus profetizou que a sua Igreja, coadjuvada com a sua assistência e protecção, jamais terminaria: “Eu ficarei sempre convosco até ao fim do mundo”.
Este prognóstico, no entanto, exigia sempre a colaboração do homem no projecto divino. Para tanto, na hora da despedida, ordenou aos apóstolos. Dizendo: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado”.
Assim ficou escrito o desígnio do Salvador que, por toda a terra, no decorrer da história, os seus deveriam efectuar.
Recebida tal missão, na medida em que se prosseguia a realização do grande mandato do Senhor, conforme corriam os tempos, até aos nossos dias, foi aumentando o número dos crentes, graças à ajuda divina e à colaboração humana.
Para tanto, necessitou-se a prece dos fiéis obedientes à recomendação: “Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe”.
Para incentivar mais e melhor este espírito missionário, com maior denodo, gerou-se o costume de um dia no ano, em Outubro, se movesse o ânimo dos cristãos para se renovar tal intento de Jesus. Passa exactamente este ano o nonagésimo aniversário do decreto de Pio XI, a estabelecer na cristandade o compromisso da consagração de um dia por ano ao compromisso de activar sempre mais o mandato de Cristo que enviou os discípulos a baptizar todas as gentes.
O Concílio Vaticano II não esqueceu de inculcar esta incumbência, através de um decreto que deste modo começa: “A Igreja enviada por Deus a todas as gentes para ser sacramento universal de salvação, por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandamento do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens.”
Por isso, os chefes da cristandade desde há muito, publicaram suas advertências a recomendar o cumprimento dos recados do Mestre.
Também este ano, o Papa Francisco nos dirigiu a sua mensagem para a retermos no coração e a cumprirmos na vida. Aí afirma que, na sequência do que já se fazia nos tempos primeiros do cristianismo, também hoje, temos o encargo de manifestar o amor misericordioso de Deus que arde em desejos inflamados de salvar o seu povo.
E, aproveitando a realização do ano de compaixão, encaminha o seu ensinamento para a ternura feminina, apontando o labor das mulheres nas missões exercido tanto pelas consagradas por votos religiosos, como pelas leigas que desempenham inúmeros trabalhos e obras ao estabelecerem a harmonia entre todos, cuidando do seu relacionamento, solidariedade, paz e harmonia, a fim de estabelecerem entre si a alegria e o caminho do acordo sobretudo no âmbito dos pobres.
E o Papa volve à sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium ao inculcar na mente de todos os fiéis uma renovada ‘saída’ missionária: “Cada cristão e cada comunidade há-de discernir qual é o caminho que o Senhor lhes pede, sabendo que todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”.
Lembrando as calamidades e discórdias deste nosso tempo, aponta esta reflexão: “Cada povo e cultura tem direito de receber a mensagem da salvação que é dom de Deus para todos e a necessidade dela redobra ao considerarmos quantas injustiças, guerras, crises humanitárias aguardam, hoje, por uma solução. Os missionários sabem, por experiência, que o Evangelho do perdão e da misericórdia pode levar alegria e reconciliação, justiça e paz”.
É bom recordarmos hoje um dos mais importantes ensinamentos exarados no Decreto conciliar sobe A Actividade Missionária da Igreja: “Todos os filhos da Igreja tenham consciência viva das sua responsabilidades para com o mundo, fomentem em si um espírito verdadeiramente católico, e ponham as sua forças ao serviço da obra de evangelização”.