Inaugurou-se, no passado domingo, a Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos que versará sobre a família, conforme o anuncia o seu título: “Desafios Pastorais da Família no Contexto da Evangelização”.
Reuniram-se os representantes do episcopado de toda a Igreja acrescidos por presbíteros, religiosos, leigos e, coisa não vulgar, algumas famílias para dizerem também da sua justiça e testemunharem o cuidado pastoral que hoje merecem à hierarquia os enormes problemas que, por toda a terra, sofre o amor conjugal, na sua fidelidade e missão no mundo e na Igreja, sobretudo no que se refere ao nascimento dos filhos, à sua educação tanto para o viver neste mundo como no preparar-se para a glória eterna.
É dever da comunidade dos crentes, cada qual, conforme o seu estado e capacidade, acolher todas as famílias e ajudá-las a seguir ao encontro de Cristo, o Salvador.
Já que o fundamento da sociedade humana é, segundo o parecer genérico de toda a gente, o vínculo conjugal, base e esteio da família, será bom olhar para ele, com mais tempo e modelar cuidado, para analisar a forma do seu existir, neste mundo tão turbulento e contraditório.
O Concílio Vaticano II, nos seus textos, diz e repete que o bem da pessoa e da sociedade tanto humana como cristã está intimamente ligado à favorável situação da comunidade conjugal e familiar. E ao examinar a dignidade desta instituição, na actualidade, verifica que, pelo mundo além, a sua firmeza e solidez deixa muito a desejar, pois o egoísmo individualista não permite o florescimento da sua pujança ideal, mas vai destruindo a comunhão íntima entre pessoas, deixando os alicerces e o futuro da humanidade sem grande consistência.
A continuidade do progresso e da paz futura baseia-se na educação dada pelos progenitores que modelam o desenvolvimento da sua prole e restabelecem as regras de costumes seguros e adequados para um bom viver em fraternidade cosmopolita.
Mas, porque, os hábitos de uma liberdade descontrolada imperam, nos últimos anos, quase por toda a parte, até nos ambientes familiares, a Igreja tem-se esforçado por espalhar a maravilhosa doutrina de Jesus, a intensificar o amor fontal para aumentar continuamente no coração dos esposos e depois se dilatar pelos filhos, num ambiente sempre mais amplo.
Somos testemunhas da grande abundância de textos eclesiásticos vindos da cátedra de Roma ou nascidos das conferências episcopais, multiplicados por famosos teólogos e pastoralistas, difundidos por leigos geralmente agrupados em diversas associações e por gente simples atenta ao bem da sua vizinhança e dos ingentes esforços de quantos se unem para se apoiarem e defenderem, no espalhar ensinamentos católicos atinentes a problemas familiares.
Apesar desta profusão de temas e acções realizadas para que a família atinja o seu digno lugar na história e no concreto do viver hodierno, foi promovido para o bem dos casais a realização do sínodo preparado, como demos conta, por um inquérito profundo acerca das muitas matérias atinentes aos problemas matrimoniais e familiares para os quais foram pedidas não apenas as opiniões dos eclesiásticos, bispos, padres e diáconos, como ainda de religiosos e leigos, cujas vidas estão associadas, muito em concreto, com os problemas vividos no íntimo dos lares e no interior dos corações.
Este sínodo não ocupará o lugar da assembleia já convocada para o próximo ano, mas abrirá o horizonte e despertará a atenção, suscitando mais ideias e examinando-as mais profundamente para se obterem respostas e ensinamentos mais e variados, segundo o desenrolar da assembleia sinodal actuante durante estes quinze dias.
Divisamos, pela perspectiva já anunciada através das respostas dadas ao inquérito levado a cabo nestes últimos meses, grandes princípios.
O documento preparatório principia, fundamentando-se no Evangelho, por examinar as grandes questões postas aos crentes hoje, revendo o ensinamento constante da Igreja dado a tais problemas, sobretudo no Catecismo da Igreja Católica. Segue-se um longo questionário onde se pretende examinar:
O conhecimento dos fiéis acerca da doutrina hodierna sobre o matrimónio segundo a lei natural e segundo os ensinamentos de Jesus.
A prática, no concreto da vida, seguida pelos crentes, e as obrigações proclamadas por Cristo às pessoas casadas, no mundo onde se torna vulgar a convivência experimental antes do matrimónio, as uniões livres e outras formas de se unirem até com pessoas do mesmo sexo.
O problema da educação dos filhos num tempo em que quase só o trabalho e o ganhar dinheiro têm valor, pois os pais ocupam-se demasiado com passatempos actuais…
Muitas questões se colocam para examinar e resolver, segundo a verdade cristã e as modas modernas que invadem a sociedade também a cristã.
A imensidade tão actual de tantos problemas atinentes às famílias não pode sequer enunciar-se num pequeno escrito. Mas necessário se torna predispormo-nos para estudarmos quanto o sínodo nos irá ditando. A orientação das famílias leva-nos a abrirmos o coração para pormos em prática a sua doutrina.