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A liberdade exige profunda reflexão e lúcido estudo

Palavra complexa e difícil de perceber, a liberdade, pode considerar-se, em muitos e variados aspectos,

sobretudo nos tempos hodiernos, onde a amplitude dos seus significados nos leva a falar, com idêntica expressão, de coisas bem diversas. Frequentemente, os temas em que muito se fala não possuem acepção mui exacta e ficamos, sem pontos de referência, com interpretação duvidosa. Polivalente no glossário de tantas línguas, os conceitos definidos pelo termo liberdade chegam a tornar-se custosos de compreender. Não julguemos que a sabedoria, na antiguidade mais remota, fala da liberdade com o à-vontade e ideias de hoje.
Interpretada como autodeterminação pessoal e subsequente deliberação entre vários intentos e projectos deve ser estudada, geralmente, numa base de escolha entre distintos juízos e pareceres, em ordem a actos precisos e determinados. E, como as culturas e mentalidades se vão diferenciando, pois dependem, da palavra mais ou menos lúcida, da perspicácia e do estilo usados, as realidades expressas podem considerar-se em distintas facetas e ângulos bem desassociados, isto é, perspectivados em objectivos vários, em valores nem sempre iguais, distinguindo-se conforme  a utilidade, as consequências a tirar e até a capacidade da gente que escuta.
Desta forma, quando certo indivíduo declara algo bom, outro, com pensar diferente, irá classificá-lo de mau.
A liberdade é, no concreto, uma acção humana, que poderia denominar-se poder de escolha, após circunspecta ponderação. É o poder de agir ou não agir, tomar por si deliberações, uma vez conhecida a sua moralidade própria.
Desta feita, todos concordam não poderem os insensatos ser chamados à responsabilidade de seus actos, pois lhes falta o discernimento. Também, quando não há poder de alternativa, não se vai encontrar possibilidade de escolha.
Para quantos reconhecem a sua limitação pessoal, entendem a postura de suas atitudes, a origem e desenvolvimento do existir próprio e sabem o destino de seus passos, na sua mente, se concretizam as responsabilidades a tomar, perante a obediência a tributar aos superiores, à sociedade, a Deus captado segundo os critérios da inteligência de cada um. Daqui, as escolhas livres, conforme o pensar de cada cabeça, já que as mesmas ideias não avaliando à mesma luz, aparecerem, tantas vezes, diferenciadas umas das outras.
A verdade tem de considerar-se subjacente e base sólida de todo e qualquer discernimento. Só, desta forma, após o conhecimento exacto formulado pela inteligência, se pode considerar alguém livre.
Já o Mestre divino sentenciava: “A verdade vos libertará”, deixando prever que, quando alguém pensa mal e segue a sua ideia, pode na realidade praticar má acção objectiva mas não, na sua consciência. Como a pessoa decide, depois de discriminar e medir a moralidade de cada acto, só após a discrição o seu acto se há-de julgar bom, mau ou indiferente.
Isto vem advertir-nos a nós, gente moderna, que, frequentemente, corre atrás de cada moda, de cada costume ou mentalidade actual, acerca do dever de estudarmos mais e melhor a autenticidade dos actos humanos. Esta medida está a esquecer-se, entre nós, devido à superficialidade do ambiente e à falta de reflexão pessoal em ordem ao agir.
Não é com votos que se define a moralidade de uma acção, como se fez, entre nós, na questão do aborto ou, em alguns parlamentos, na votação sobre a eutanásia, esquecendo-se o valor da existência humana, nem muito menos deixando-nos levar pela voga corrente.
A liberdade obriga a discernir acerca de quanto é conveniente para a natureza. Sem submissão à verdade não há autêntica e exacta moralidade.
Como sabemos ser Deus o autor universal de tudo, inclusive do género humano, há que estudar as directrizes expressas na sua palavra e ouvir as suas inspirações, para conseguirmos basear-nos na autêntica certeza e, deste modo, não nos afastarmos do recto caminho
Decidir-se pelo bem é colocar-se sob as ordens divinas e não à mercê do querer pessoal, pois todos admitimos sermos dependentes de outrém e não donos de nós mesmos. Definir-se pelo bem é escolher a vontade omnipotente e sapientíssima de Deus, é seguir suas directivas e caminhos.
Fundamenta-se aqui a obrigação de escutar assiduamente a mensagem divina, desde a mais tenra idade até à velhice. Não que a verdade divina mude conforme as épocas, mas pelo facto de a complexidade da vida moderna misturar opções e vá seleccionar, às vezes, outras perspectivas não existentes, nos tempos de outrora.
O crescimento para a maturidade adulta encontra-se neste procedimento, a principiar bastante cedo, não apenas para uma lucidez perfeita mas para uma habituação, diríamos natural,  na pedagogia da lei.
Se a liberdade caracteriza os actos propriamente humanos, para terem valor autêntico tem de estar presente no íntimo do homem e assim dar-lhe valor e veracidade genuínos e profícuos.
“Só a verdade nos libertará”.

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