As notícias do distrito da Guarda e da região interior centro

A Igreja infalível e imorredoura

Enquanto o último sínodo se ia realizando, fervilhavam notícias desconformes, entre alguns meios de comunicação, bastante díspares referentes a matérias atinentes a conceitos iluminados já pela doutrina da Igreja e por esta assegurados como revelação divina, através dos seus ensinamentos assíduos.

Como andamos por um mundo contagiado pelo relativismo moral, repleto de sentenças antagónicas de gente que se afirma católica, ficamos perplexos  e confusos perante afirmações marcadas por discrepantes e contraditórios juízos. Para exemplificarmos, apontemos várias palavras cujos valores morais não se apresentam com solidez objectiva: divórcio com recasamento, união conjugal só à experiência, vida marital com pessoas de mesmo sexo,  aborto…
Não posso julgar, por ter recebido tais referências já em segunda mão cujos originais me escapam juntamente com os contextos em que foram proferidas. Acho, no entanto, muito estranho que essas afirmações tivessem sido pronunciadas por gente com bastante autoridade nos meios eclesiásticos.
Ora a Igreja nascida da revelação do Senhor Jesus tal como vem nos Evangelhos e nos foi transmitido pelos Apóstolos e seus sucessores, é, hoje como ontem, mediadora incontestável do testemunho cristão. Ela conserva, guarda, defende, explica e ensina a Palavra, o Sacramento e o Mandato do Messias tal como a tradição no-lo testemunha. O Mestre divino a legou aos seus discípulos aos quais encarregou de a levarem a toda a terra. Lembremos alguns textos proferidos por Jesus: “Ide por todo mundo pregai o Evangelho a toda a criatura”.  “Assim como o Pai Me enviou também Eu vos envio a vós”,  “Quem vos ouve a Mim ouve e quem vos despreza a Mim despreza”.
Ao largo da história, somos confrontados por divergências entre alguns Pastores da Igreja que põem em causa este ou aquele dogma – verdade revelada por Deus tal como a Igreja a formulou. Então reuniam-se os bispos e resolvidas as dúvidas, após terem encontrado a linha da verdade, publicavam-na, uma vez aprovada também pelo Papa a quem incumbe a responsabilidade máxima de resolver todos os diferendos surgidos entre as chefias eclesiais que, como herdeiro das prerrogativas de São Pedro, ao qual foram dadas as chaves do Reino dos Céus, continua a sua preeminência.  
A assistência contínua do Espírito de Verdade que protege, anima e defende o rebanho do Senhor dá-nos a permissão de proclamar a Igreja infalível, quando proclama ou ensina a revelação de Deus.
Não que nela esteja a fonte da doutrina, mas apenas a norma, o depósito da verdade. Ela não é a revelação nem a fonte desta, mas sim a depositária autêntica e firme de quanto Jesus revelou à humanidade.
Conhecida esta certeza, pode-se garantir e testemunhar ser o princípio formal do catolicismo a Igreja viva, apostólica, prolongada em todos os seus membros, sobretudo na hierarquia.
Se a teologia é a ciência da fé, a comunidade crente conduzida pelos seus Pastores é apoio básico de toda a teologia, certeza de quando se crê e ensina, sob a sua orientação e tutela.
Ela não inventa nem modifica a Palavra. Comunica e repete o que lhe foi transmitido pelos primeiros arautos, os Apóstolos, com segurança firme, apoiada no mistério protector de Deus.
A sua verdade não é uma ou outra afirmação ditada por este ou aquele que, num sínodo ou num concílio, preconiza a sua opinião, mas sim a afirmação da maioria reunida na autoridade divina e confirmada pelo poder papal.
Aqui poderemos explicar melhor a indefectibilidade da Igreja, afirmando na asseveração de uma tríplice certeza: ela não morrerá no decorrer da história, não abandonará o seu mandato nem terminará enquanto o mundo existir.
Criação de Deus, obra do Verbo encarnado, vivificada e assistida pelo Espírito, confiada a homens escolhidos pelo seu Fundador, os Apóstolos, a comunidade eclesial prossegue, pelos tempos fora, o seu fim e missão, sem jamais sucumbir “porque Eu estarei convosco até ao fim dos séculos”. Com esta certeza, S. Paulo define-a “coluna e suporte da verdade”.
Todas estas palavras não querem traduzir nem a grandeza nem a glorificação do Povo santo de Deus. Citamos para melhor inteligência de quanto fica dito, a afirmação do Concílio Vaticano II acerca da Igreja peregrina nesta terra do seu exílio: “Caminhando por meio de tentações e tribulações, a Igreja é confortada pela força da graça de Deus que lhe foi prometida pelo Senhor para que não se afaste da perfeita fidelidade por causa da fraqueza da carne, mas permaneça digna esposa do seu Senhor e, sob a acção do Espírito Santo, não cesse de se renovar até, pela cruz, chegue à luz que não conhece ocaso”.
Estamos perante a vontade divina que manifesta a sua vontade salvífica. Através da história humana e da sua palavra, concede-nos o Senhor o sentido autêntico e salutar do tempo através de quantos, ao longo dos séculos, deu a graça de O representarem.
Qualquer triunfo ou privilégio para transformar a terra em céu, não deriva das prerrogativas oferecidas pelo Senhor à sua Igreja. Impõe, sim, a este seu povo a responsabilidade de Lhe ser fiel para que os homens sejam salvos.

Notícias Relacionadas