Por iniciativa da Associação Empresarial do Nordeste da Beira
e da Associação do Comércio e Serviços do Distrito da Guarda
Se as previsões não falharem, em 2017 já será possível ter no mercado os enchidos produzidos no distrito da Guarda com certificação de qualidade. O processo está a ser realizado pela AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira e pela Associação do Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG), que se constituíram como representantes do agrupamento de produtores e celebraram, no dia 28 de Fevereiro, um protocolo para a certificação da qualidade dos enchidos regionais. As duas entidades acordaram desenvolver o processo de certificação de enchidos produzidos na região, com o objectivo de os valorizar e qualificar junto do consumidor.
De acordo com António Oliveira, presidente da AENEBEIRA, com sede em Trancoso, o processo de certificação vai abranger, numa primeira fase, a morcela da Guarda, o bucho da Guarda, o paio da Guarda, a farinheira da Guarda, a chouriça de carne da Guarda e a chouriça de bofe da Guarda. Os produtos a certificar são confeccionados a partir de carne de porco bísaro. O responsável adiantou que no distrito “há umas largas dezenas” de salsicharias artesanais e não artesanais licenciadas, que podem certificar os seus produtos no âmbito do processo de certificação que é desenvolvido pela Associação Nacional de Municípios e de Produtores para a Valorização e Qualificação dos Produtos Tradicionais Portugueses (QUALIFICA). “É um processo que demora algum tempo. Se nós conseguíssemos, em 2017, ter a qualificação de um conjunto de enchidos da região da Guarda era uma meta muito interessante”, afirmou.
Já o presidente da Câmara Municipal de Trancoso, Amílcar Salvador, disse na ocasião que o acordo celebrado entre a AENEBEIRA e a ACG, é “extremamente importante” para os produtores de enchidos do seu concelho e da região. “Vem no seguimento da linha estratégica que o Município tem definido no apoio ao sector agro-pecuário. É extremamente importante haver produtos com certificado de qualidade, pois só com a certificação este sector poderá vir a ter cada vez mais êxito”, disse. E acrescentou: “É extremamente importante haver produtos certificados de qualidade e tendo nós muita tradição que vem do passado, hoje é importante adaptarmo-nos às novas exigências e aos novos mercados e só com a certificação este sector pode vir a ter cada vez mais êxito”.
O concelho de Trancoso tem actualmente 8 salsicharias artesanais e não artesanais e produz anualmente cerca de 1.200 toneladas de enchidos e de fumados. A empresa Casa da Prisca, a maior unidade produtora do concelho, e a única em Trancoso que tem uma exploração pecuária de porco bísaro, com cerca de 800 animais, produz todos os produtos que vão ser certificados. O gerente da empresa, António Santos, disse ao Jornal A Guarda que a certificação é “um desejo antigo” dos produtores porque “para além de ser uma forma de garantir a sustentabilidade destes produtos, garante a continuidade dos mesmos”. “Muitas vezes, o que acontecia era que os produtos, por muita qualidade, se não tivessem a mais-valia da certificação não eram produzidos. E, a partir do momento em que se consegue certificar, consegue-se valorizar e proteger o produto”, referiu.
O protocolo entre a AENEBEIRA e a ACG foi celebrado durante o colóquio sobre “Explorações agro-pecuárias e pequenas unidades de produção agro-industriais”, realizado no âmbito do programa da XII Feira do Fumeiro dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira, que termina no domingo, dia 8 de Março.