“Invenire” – nº 8, Janeiro-Junho 2014
“Púlpitos Seiscentistas: a parenética e o Concílio de Trento” é o tema do portfólio da Revista de Bens Culturais da Igreja “Invenire” (nº 8, Janeiro-Junho 2014), uma escolha de Paula Figueiredo.
As fotografias apresentadas apresentam o púlpito da Igreja de são Tiago de alfaiates (Sabugal) e o púlpito da Igreja de Santa catarina de Rebolosa (Sabugal).
O artigo que acompanha as fotografias refere: “… Após o Concílio (Trento), coube aos bispos a implementação de novas normas de conduta nos seus respectivos territórios, que não eram conciliáveis com os primitivos estatutos que regiam cada um deles. No caso da Diocese da Guarda, é convocado um Sínodo por D. Nuno de Noronha, para o dia 11 de Setembro de 1597. A morte do prelado antes da publicação das novas directivas, obrigou à realização de uma segunda reunião, ocorrida a 29 de Junho de 1614, da qual emergem as constituições Sinodais do bispado, publicadas em 1621.
O reconhecimento da parenética como arma de propagação da fé e da leitura dos Evangelhos para uma população predominantemente iletrada, levam a que o sínodo recomende a introdução de púlpitos nos templos”. E acrescenta “esta recomendação foi aplicada prontamente pelo clero local que inicia uma série de obras nos respectivos templos, adaptando-os às novas necessidades de culto e introduzindo as tão desejadas estruturas”.
Para Paula Figueiredo, Técnica Superior no Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana “no arciprestado do Sabugal subsistem cinco exemplares seiscentistas em cantaria lavrada, nas paróquias de Alfaiates, Nave, Rebolosa, Águas Belas (datado de 1692) e Vila do Touro, os dois últimos menos exuberantes do ponto de vista decorativo e iconográfico, revelando-se mais tardios”.
A autora do trabalho descreve assim os púlpitos: “são em cantaria de calcário, sustentados por colunas clássicas e com bacias facetadas e guardas plenas, constituindo apainelados almofadados ou decorados com cartelas enroladas e elementos figurativos. Apresentam uma linguagem assumidamente maneirista, influenciada pelo grotesco e reproduzindo figurinos que circulavam em livros de gravuras, maioritariamente impressos na região da Flandres. Também no ponto de vista iconográfico, os exemplares de Alfaiates e Rebolosa são semelhantes, reproduzindo um tetramorfo e os atributos da paixão de Cristo”.
A realização deste trabalho teve como base de apoio o Projecto de Inventário do Património Religioso, Imóvel e Móvel, existente na Diocese da Guarda, em curso desde 2007, coordenado por Joana Pereira, do Departamento do Património Cultural.