Arciprestado do Fundão
“Dei aulas antes do 25 de Abril, na Telescola, na Póvoa da Atalaia (concelho do Fundão) e no Externato Capitão Santiago Carvalho, em Alpedrinha, de onde transitei para a Secundária do Fundão” explicou o padre Américo da Encarnação Vaz. O actual pároco de Alcongosta, Donas e Valverde, que também é membro da Comissão Diocesana de Arquivos, dedicou grande parte da vida ao ensino, sem nunca descuidar o trabalho nas paróquias. Em 1975, matriculou-se na Universidade de Coimbra onde tirou licenciatura em História. Fez especialização em Descobrimentos Portugueses e Antropologia. Depois do estágio em Abrantes foi para a Secundária do Fundão onde efectivou. “Dei aulas até 2000, altura em que me aposentei” explicou ao Jornal A GUARDA.
O Padre Américo Vaz diz que gostou muito do tempo em que leccionou principalmente “quando ajudava os alunos mais carenciados sobretudo os que chegavam das zonas periféricas que tinham de se levantar muito cedo, alguns às seis da manhã”. Ajudou a lançar o Ensino Recorrente na zona do Fundão.
“Marcar sempre o lado bom das coisas” era uma preocupação diária enquanto professor, de tal forma que os outros colegas de ensino “começaram a ver que a nossa postura não era como constava na opinião pública pois deram conta que estávamos para servir sobretudo os mais carenciados”.
A vida de professor nunca perturbou os trabalhos da paróquia “mas obrigou a conciliar as coisas muito bem com o apoio no trabalho em equipa com outros padres”. E acrescentou: “Privilegiámos sempre a amizade sacerdotal e a interajuda”.
A opção pelo ensino foi explicada pelo padre Américo Vaz em três pontos: “primeiro, porque gostava de História; segundo, para por fim à discriminação de que eram vítimas os colegas que estavam no ensino com o Curso Teológico; e por último, para enfrentar a situação económica. Sobre o último ponto explicou que “as paróquias tinham dificuldade em sustentar o pároco, embora algumas fossem generosas”. E acrescentou: “A cultura não é tudo na vida mas ajuda a compreendê-la melhor e fica-se com uma perspectiva diferente de determinadas situações da Igreja”.
No âmbito social completou as respostas existentes em Donas e Valverde, criando, na última a Estrutura Residencial para Idosos D. João de Oliveira Matos e tendo terreno comprado para avançar com um lar, também na primeira. “A actuação social era uma exigência para se responder a determinados problemas sociais e humanos”, explica.
Admira a vida de padre e considera que “a participação no sacerdócio de Cristo é a maior riqueza de que nós podemos usufruir para a pôr ao serviço dos outros”. Considera que mesmo com alegria e satisfação “há sempre o reverso da medalha” na vida do padre que, no entanto, “na maioria das vezes, é compensador o acolhimento nas comunidades”.
O Padre Américo da Encarnação Vaz é natural de Vale d’Urso, freguesia de Souto da Casa, concelho do Fundão. Foi ordenado sacerdote a 14 de Março de 1964, por D. Policarpo da Costa Vaz, na Sé da Guarda. Começou a paroquiar em Pinhel, onde esteve 1 ano como coadjutor. Foi transferido para Cortiço da Serra e Vila Boa do Mondego (Celorico da Beira), onde permaneceu 5 anos. Seguiram-se as paróquias de Póvoa de Atalaia e Atalaia do Campo, ao longo de 17 anos. Por último foi transferido para Donas, Valverde e Alcongosta (Fundão). Reside no Fundão.