Tempo de pandemia agudiza “o escândalo da cruz e o do sofrimento”Na homilia do II Domingo da Quaresma, dia em que teve início a Semana Nacional da Cáritas,
o Bispo da Guarda disse que na Transfiguração “Jesus quis desfazer nos seus colaboradores mais directos o escândalo da cruz e da sua morte, como passagem para a glorificação”. D. Manuel Felício adiantou que “hoje esse escândalo da cruz e o do sofrimento como tal permanecem connosco” e que “estes tempos de pandemia mais o agudizam”. Explicou que “o sofrimento e a morte, que preenchem a experiência humana universal, têm a sua chave de leitura e a sua explicação na morte e Ressurreição de Cristo”.Recorrendo à expressão popular “quem se obriga a amar obriga-se a padecer”, o Bispo da Guarda, evocando a primeira leitura desse Domingo, disse que “o amor e a fidelidade de Abraão à Aliança com Deus tiveram um alto preço a pagar, que foi o sacrifício do seu filho único Isaac”. E acrescentou: “S. Paulo lembra-nos hoje, na carta aos Romanos, que nem o próprio Deus poupou o seu Único Filho Jesus Cristo, mas o entregou à morte pela salvação da Humanidade”. “De facto, o caminho da cruz é inevitável para que se possa cumprir o desígnio do verdadeiro amor”, concluiu D. Manuel Felício.Falou do quadro da transfiguração em que é feito um “convite à nossa transformação contínua pela conversão à Pessoa de Cristo e pelo caminho de renovação pessoal e mesmo comunitária que ela representa”. O Bispo da Guarda adiantou que “neste processo da nossa transfiguração pessoal que levará à progressiva identificação com Cristo, a Palavra de Deus, representada pelas duas figuras do Antigo Testamento e pela Pessoa de Cristo com quem eles falavam, tem lugar insubstituível”.Apontou a importância do convite da Quaresma tendo em vista a “escuta da Palavra de Deus, para que ela seja cada vez mais a norma da nossa vida e da vida das nossas comunidades e assim também o mundo dela possa beneficiar”.E concluiu: “Desejamos aproveitar esta Quaresma para relançarmos a nossa caminhada rumo à verdadeira Transfiguração, que Jesus mostrou no alto do Monte Tabor, e para a qual hoje continua a motivar-nos, sobretudo através da graça dos Sacramentos e da Palavra de Deus”.Sobre a Semana Nacional da Caritas, D. Manuel Felício disse que este ano não pode ter as iniciativas habituais, como é o caso do peditório de rua, por causa da pandemia.