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Daniel Cordeiro é ordenado no dia de São Pedro e São Paulo

“Cresci no seio de uma família
que tem sido para mim testemunha
e exemplo de amor e de fé”

Daniel José Tomás da Silva Cordeiro será ordenado sacerdote, no próximo Domingo, 29 de Junho, às 16.00 horas, na Sé catedral da Guarda. Frequentou os Seminários diocesanos, com uma experiência de dois anos no Seminário de Vila Viçosa, o Instituto Superior de Teologia de Viseu e a Faculdade de Teologia em Braga.
Nos últimos meses tem colaborado nas paróquias da Sé e São Vicente, na Guarda.
A GUARDA: Quem é Daniel Cordeiro?

Daniel Cordeiro: Nasci na Guarda, a 18 de Fevereiro de 1989, e fui baptizado na paróquia de S. Miguel da Guarda, no dia de Natal do ano seguinte. Cresci no seio de uma família que tem sido para mim testemunha e exemplo de amor e de fé. Sou o mais novo de quatro irmãos e dos meus pais recebemos o exemplo de uma vida dedicada aos filhos, com trabalho e sacrifício, porém, numa confiança total em Deus e na Sua Bondade.

A GUARDA: O que é que o levou a entrar no seminário e como foi o seu percurso académico?

Daniel Cordeiro: Foi através de pequenos sinais e por intermédio de pessoas que me eram próximas que Deus me foi mostrando o caminho do sacerdócio. Além da família, a comunidade paroquial teve um papel fundamental, não só as catequistas que me iniciaram no conhecimento de Jesus, mas também o exemplo dos meus párocos que desde cedo me chamaram para o serviço do altar e, mais tarde, para colaborar com o coro. Também me habituei a ver, desde pequeno, os jovens que passavam pela paróquia de S. Miguel da Guarda para fazer o seu estágio pastoral e que fizeram crescer em mim o desejo de também poder entregar-me para o serviço da Igreja.
Assim, entrei para o Seminário Menor da Diocese, onde estive até completar o terceiro ciclo do ensino básico. No 10º ano passei para o Seminário da Guarda e fiz, depois, uma experiência de dois anos no Seminário de Vila Viçosa. De novo na Guarda, iniciei o curso de teologia de seis anos, tendo sido este lecionado no Instituto Superior de Teologia de Viseu. No último ano do curso, por determinação da Universidade Católica, frequentei algumas cadeiras na Faculdade de Teologia em Braga, tendo em vista a obtenção do MIT (Mestrado Integrado em Teologia).

A GUARDA: O que leva um jovem a seguir o caminho do sacerdócio?

Daniel Cordeiro: Devemos recordar-nos que é Cristo que chama, que escolhe e que envia, como Ele mesmo disse: “Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi” (Jo 15, 16). Desta forma, sinto que foi Cristo que me chamou para, primeiramente, poder experimentar o Seu amor, a fim de poder, depois, ser sinal e testemunha desse amor para os outros. A Sua escolha por mim e o meu “sim” ao Seu chamamento não se baseia em qualidades ou aptidões, mas está profundamente assente na experiência de me sentir amado e de me sentir chamado a ser instrumento da Sua presença no mundo.

A GUARDA: Como é que vê o padre na sociedade actual?

Daniel Cordeiro: Ser padre é, acima de tudo, ser sacramento, ser sinal de Deus que está próximo do Seu povo e que caminha ao lado do Homem. O sacerdócio ministerial é sempre um dom de Deus para a Sua Igreja. Escolhido de entre os homens, o padre continua a ser um deles e é chamado a servi-los, dando-lhes a vida de Deus. Sendo um homem que vive da intimidade de Deus e se alimenta da Palavra divina, deve hoje, mais do que nunca, como nos recorda o Papa Francisco, ser portador da alegria e da esperança para todos os que lhe estão confiados.
Contudo, sentimos que o mundo actual, cheio de preconceitos e estereótipos, passou a olhar para o sacerdote com desconfiança e não como dom de Deus para a comunidade. Deste modo, é grande a responsabilidade daquele que é chamado, porque da coerência da sua atitude e da fidelidade ao ministério podem surgir inquietações e respostas de outros ao mesmo chamamento.

A GUARDA: Na Diocese, são cada vez menos os jovens que são ordenados. No seu ponto de vista o que é que tem provocado esta situação?

Daniel Cordeiro: Em primeiro lugar, faltam famílias generosas que vivam, verdadeiramente, a fé, porque, regra geral, a vocação de uma criança ou de um jovem passa pelo exemplo dos seus pais. Depois, não podemos esquecer o factor demográfico com a acentuada diminuição da taxa de natalidade. Noutros tempos, não muito distantes, os seminários mergulhavam as suas raízes nas famílias numerosas com intensa vida cristã, nas paróquias onde a fé era mais vivida em comunidade, e nas escolas das nossas terras que hoje se encontram desertas. E por fim, não podemos esquecer que a sociedade egoísta e materialista em que vivemos não forma para os verdadeiros valores e até despreza e ridiculariza os valores espirituais.

A GUARDA: Como é que ocupa, actualmente, o seu tempo?

Daniel Cordeiro: Actualmente encontro-me a fazer estágio pastoral nas paróquias da Sé e S. Vicente da Guarda, onde me são pedidos vários trabalhos, nomeadamente no âmbito da catequese, da formação litúrgica e pastoral em diversos sectores, na preparação das celebrações, no ensaio dos coros, no atendimento no cartório paroquial, entre outros.
Depois da ordenação diaconal a 8 de Dezembro de 2013 passei, também, a colaborar com os párocos na celebração dos sacramentos e sacramentais que fazem parte da vida do diácono, como ministro ordenado. Tenho procurado estar atento e disponível para ouvir e acompanhar as pessoas, não só as que se aproximam de nós dentro das igrejas, mas também no meio onde vivem e trabalham, no espaço onde são chamadas a viver e a testemunhar a sua fé.

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