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Bispo da Guarda lamentou “realidade do sofrimento que não tem justificação fácil”

Celebração de Sexta-Feira Santa

Na homilia da celebração de Sexta-Feira Santa, na Paixão e Morte do Senhor, o bispo da Guarda afirmou a “urgência de enfrentar, com responsabilidade”, os erros e pecados, “como também todas as suas consequências”, apontando a importância de “recuperar, em dignidade” a pessoa humana “na construção do bem de todos”.
“As culpas temos de as levar sempre a sério, em todas a situações, principalmente quando geram consequências de sofrimento, sobretudo para os inocentes. Para bem de todos a culpa não pode nunca morrer solteira, porque as consequências dos erros e males praticados pedem reparação até ao limite do possível”, disse D. Manuel Felício na celebração a que presidiu na Sé da Guarda. E acrescentou: “Olhamos para o mal que faz sofrer, sobretudo tantos inocentes; para os erros cometidos por todos, mas principalmente pelos que têm especiais responsabilidades na condução da vida pública, em diferentes níveis. Olhamos para as culpas derivadas dos erros cometidos, umas vezes assumidas por quem os praticou e outras não. Olhamos para os inocentes que sofrem e pagam por erros que não cometeram, vítimas de calúnias e perseguições, quantas vezes a coberto das leis e sujeitos aos interesses de quem tem o poder. E perguntamo-nos naturalmente sobre quem deve pagar pelos prejuízos causados em consequência dos erros praticados”.
O bispo da Guarda lembrou a situação da guerra na Ucrânia, “que, há mais de um ano, atinge neste momento não só os dois países mais directamente envolvidos, mas também toda a Europa e o mundo”, obrigando a pensar nas “consequências na vida das pessoas e dos povos”.
D. Manuel Felício disse que “estamos a constatar realidades que fazem parte da existência diária dos cidadãos e com consequências desastrosas para a vida das pessoas, das comunidades e da própria natureza. Nesta hora de crise por que passa o mundo e a Igreja que faz parte deste mundo, reconhecemos os muitos erros praticados que estão a provocá-la e estamos dispostos a reparar as suas consequências, quanto de nós depende, onde quer que elas se verifiquem”.
Recordou o bem que é feito “por pessoas e instituições” que “não pode ficar inútil” e “impedido de oferecer à sociedade de hoje e do futuro”. E explicou: “O caminho que nos aponta é o de não responder à violência com violência, mas sim o da obediência no sofrimento, o que implica sofrer com todos os que sofrem e carregar com as consequências dos pecados e outros males praticados, mesmo sem culpa própria”.

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