Homília de D. Manuel Felício na Vigília Pascal – 2015
Na Homília da Vigília Pascal, na noite de 4 de Abril, na Sé da Guarda, D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, anunciou Cristo Ressuscitado e chamou a atenção para a importância dos Sacramentos, de forma particular para os sacramentos da Iniciação Cristã.
“Celebramos, com alegria, nesta que é vigília mãe de todas as Vigílias, a ressurreição do senhor Jesus Cristo. Alegremo-nos, irmãos, porque o Crucificado voltou à vida para não mais morrer.
A surpresa das mulheres que se dirigiram ao sepulcro naquela manhã do primeiro dia da semana é também a fonte da nossa alegria. Disse-lhes o anjo: Procurais Jesus Cristo? Ressuscitou, não está aqui. Ide dizer aos discípulos que partam para a Galileia, que ele lá os precede, acrescentou. E elas cumpriram a ordem do anjo. Foram dizer aos discípulos que ele ressuscitou e vai à sua frente para a Galileia, diga-se, para a vida real que eles deviam retomar, depois da desilusão de sexta-feira Santa. E de facto, tudo começou de novo.
Pedro e o outro discípulo correram ao sepulcro. Não encontraram o corpo de Jesus. Viram e acreditaram. Depois foi a experiência dos discípulos de Emaús e das muitas aparições que Jesus ressuscitado fez aos seus mais directos colaboradores, motivando-os para continuarem a sua causa.
Era a Igreja a nascer e a iniciar a Sua missão no mundo, agora participada por todos e cada um de nós baptizados e discípulos de Cristo, que ele continua a fortalecer na Fé e a enviar.
De facto, também nós, enquanto discípulos de Cristo, sentimos particularmente nesta Vigília Pascal que o nosso baptismo é um programa. Renovamos, por isso, nesta noite pascal, as promessas baptismais e, nesse gesto, manifestamos a nossa vontade de continuar a obra de Cristo no mundo. A Carta aos Romanos, que acabamos de escutar, lembra-nos a nossa identidade de configurados com Cristo na sua morte e também na sua ressurreição.
Revivemos também, nesta prolongada Vigília da noite pascal, a história das relações de Deus com a Humanidade, desde a criação à escolha de um Povo com responsabilidades especiais diante do mundo. É um povo onde a experiência do Êxodo é central e marcante para todo o seu percurso e missão no mundo. E pela experiência de Deus que foi fazendo, apontou sempre para o Messias que havia de vir – e agora o sabemos – é a pessoa de Cristo, Filho de Deus e companhia da humanidade pela Sua Encarnação.
Nesta Vigília, aprofundamos a consciência de sermos Igreja de Cristo que assume de novo e com coragem a missão de levar ao mundo a novidade de Cristo e da Sua Salvação”.
Importância
dos Sacramentos
da Iniciação Cristã
“Os Sacramentos e particularmente os sacramentos da Iniciação Cristã são o caminho da Igreja, como também de cada um dos seus membros. Neles se realiza a configuração com Cristo de cada um dos fiéis. Por isso a iniciação cristã e os sacramentos que lhe dão corpo são uma responsabilidade de toda a Igreja, que há-de, primeiro que tudo, saber conduzir os fiéis, que os pedem ou que os recordam, para o encontro vivo com a pessoa de Cristo.
De facto, a iniciação cristã e a celebração dos sacramentos também chamados da Iniciação – Baptismo, Confirmação, Eucaristia – só atingem os seus objectivos quando se conhece verdadeiramente a pessoa de Cristo e se assume o compromisso com Ele.
Como sabemos, o crisma não pode ser encarado e tratado como se fosse apenas mais uma cerimónia, uma festa que se celebra para preencher a cédula de identidade cristã. Pelo contrário é um acto de compromisso adulto com a pessoa de Cristo e com o seu projecto de vida consubstanciado no Evangelho.
Sentimos que as nossas comunidades estão a sentir dificuldades em conjugar a catequese que deve levar à relação comprometida com Cristo e os Sacramentos da Iniciação Cristã.
Sem uma catequese assim entendida e organizada, os sacramentos deixam de ter a devida compreensão e ficam simples ritos de passagem.
Por isso, quando se pede o crisma só para se ter tudo o que é exigido para ser padrinho, estamos a afastar-nos da verdade dos sacramentos e da importância da Fé e consequentemente de tudo o que a Igreja, em nome de Cristo, tem para oferecer à Humanidade – o Evangelho.
Falando dos sacramentos da Iniciação cristã e da catequese que os tem de enquadrar, nunca é demais lembrar a necessidade de haver empenhamento conjunto das estruturas paroquiais e das famílias.
Tal como acontece para haver educação séria nas escolas, também para haver catequese séria de crianças, adolescentes e jovens é sempre necessária a colaboração das famílias. E este é ponto chave na vida das nossas comunidades cristãs.
Que nesta Páscoa, a força de Cristo Ressuscitado e a luz do Espírito Santo nos inspirem os melhores caminhos para fazer das nossas catequeses instrumentos de crescimento humano e espiritual das crianças, adolescentes e jovens para eles virem a ser os cristãos adultos que a Igreja e o mundo precisam”.