Na estrada com…
Depois de ter sido “aceite” por uma clientela algo conservadora, a linha coupé/cabriolet, antes ocupada pelo série 3, está agora a cargo da nova gama 4 da BMW. É assim que surge, de forma natural a evolução do conceito.
A principal característica herdada do série 3 é mesmo o tejadilho rígido retrátil numa versatilidade que sempre elogiámos. Em apenas 20 segundos e com o pressionar de um botão passamos dum coupé (mesmo assim, com uma personalidade muito própria e diferente do coupé propriamente dito) para um cabriolet, pronto a gozar as delícias do verão e do ar fresco. Se preferir não fechar a capota, umas saídas de ar quente nos encostos de cabeça encarregam-se de amenizar a viagem. Como ponto positivo do sistema, o conforto a bordo, graças a uma insonorização incapaz de se atingir com os modelos equipados com as habituais capotas de lona. O ponto negativo é a menor capacidade da mala, uma vez que é aí que se recolhe a capota. De 327 passamos a dispor de apenas 210 litros de capacidade. Mas não se pode ter tudo.
Este Série 4 Cabrio em nada desmerece na qualidade de construção e no ambiente tipicamente BMW. Aliás, se algum defeito se pode pôr são as semelhanças entre gamas, quase não se distinguindo em que modelo circulamos. Esta falta de personalidade é compensada apenas pelo facto de o série 3, como já referimos, ter descontinuado esta versão. Com quatro lugares, apenas os dianteiros são confortáveis. Atrás, tal como acontece nos coupés, o espaço não abunda e o conforto é o de um 2+2. Está bem para trajetos curtos mas para viagens longas é bom que os passageiros sejam de estatura mediana.
Conduzimos o 428i, equipado com o motor 2.0 turbo de 245 c.v. Com uma boa resposta ao acelerador, ganha muito graças ao facto de dispor da nova caixa automática de oito velocidades. Por 2.000 euros esta caixa é a última geração de caixas automáticas e como tal revela um funcionamento rápido nas passagens com uma suavidade impressionante. No entanto, se pretende uma condução desportiva em estradas sinuosas, aconselhamos a passagem ao modo manual, controlando as passagens nas patilhas do volante o que permite um controle mais eficaz. De resto se a ideia é percorrer calma e tranquilamente percursos citadinos ou em autoestrada, deixe-a trabalhar que ela faz tudo por si…
O comportamento é típico da BMW e em nada se nota que circulamos a bordo de um… transformista. Mesmo de capota aberta a rigidez estrutural possibilita uma viagem agradável sem trepidações nem ruídos extras, para além do agradável cortar do vento. Os consumos estão um pouco acima de outras versões, a anunciar 6,6 l/100km (emissões de 154g/km), mas é bom recordar que este cabrio pesa mais 230 kg que o coupé. Esta versão estava dotada de equipamento completo, da linha Luxury o que o coloca muito perto dos 60.000 euros. É o preço da exclusividade e o custo da evolução.