Projecto junta municípios de Belmonte, Covilhã, Fundão, Guarda e Sabugal
A “Quadragésima”, um projecto em rede dos Municípios de Belmonte, Covilhã, Fundão, Guarda e Sabugal, promoveu inúmeras as manifestações religiosas e culturais que acontecem em muitos lugares das Beiras, durante o tempo de Quaresma.Devido à pandemia, este ano, o projecto promoveu online o conhecimento destas manifestações de cultura imaterial, propondo ao mesmo tempo uma programação artística com o envolvimento das comunidades locais, oferecendo ao visitante uma experiência única, plena de espiritualidade e recolhimento nalgumas das aldeias e locais mais encantadores da Beira Interior. “A Quaresma representa, no conjunto das suas diversas celebrações, um dos mais diversificados e valiosos conjuntos de manifestações tradicionais da região Beirã”, aponta a organização. A Quaresma, apesar de ser um tempo de recolhimento, oração e silêncio, é também o tempo de muitas manifestações de fé. Ao longo de quarenta dias, os cristãos preparam a Páscoa, que depois se prolonga nos cinquenta dias seguintes. Um pouco por toda a região das Beiras, a Quaresma ainda é vivida como um tempo de celebrações penitenciais que ajudam na preparação para a grande vigília de Sábado Santo. A Quaresma tem uma dimensão social que se exprime em formas tradicionais, como a Via Sacra, as Procissões dos Passos, bem como a encomendação das almas, o canto dos martírios, a procissão dos penitentes, as alvíssaras, entre outras.Na região da Guarda ainda há grupos de Encomendação das Almas em Aldeia do Bispo, Faia, Famalicão da Serra, Maçainhas, Marmeleiro, Quinta de Gonçalo Martins, Sequeira e São Miguel da Guarda, mas que este ano não puderam sair à rua. As tradicionais Procissões dos Passos de Carvalhal Meão, Guarda, Pousafoles do Bispo (Sabugal), e Atalaia (Pinhel), desta vez também não se realizaram. Em tempo de Quaresma foi divulgado o livro “Via Sacra – caminho de Jesus com o povo”, de Francisco Pereira Barbeira, que apresenta o resultado de uma vivência muito pessoal com quatro freguesias do concelho da Guarda, onde a Via Sacra, ainda hoje, continua a marcar o ritmo diário do tempo da Quaresma. O livro dá conta da maneira própria de viver cada uma das estações, com quadras de sabedoria religiosa a que juntam a melodia do canto, nas aldeias de Famalicão da Serra e Fernão Joanes.As ilustrações fazem parte do espólio de pintura religiosa, da paróquia de Vale de Estrela, da autoria de Evelina Coelho. Do Marmeleiro, como complemento à Via Sacra, são reproduzidos os ‘Martírios’ que, de forma mais detalhada, dão conta dos passos de Jesus, desde a entrada triunfal em Jerusalém, até ao Domingo da Ressurreição.