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“1882, o Ano do Comboio” é o título do livro de Rui Pissarra que vai ser apresentado na Guarda, no dia 25 de Junho e em Lisboa, no dia 26 de Junho.
O livro lembra que “1882 marca o ano da chegada do comboio à cidade da Guarda”. O caminho-de-ferro da Beira Alta que fazia a ligação da Figueira da Foz a Vilar Formoso, na fronteira com Espanha, era, nesse ano, inaugurado com toda a pompa e circunstância com a presença do rei D. Luís de Portugal. A parte portuguesa da futura ligação ferroviária Lisboa-Paris do famoso Sud-Express estava assim aberta ao tráfego.
Nessa viagem inaugural, em todas as estações e apeadeiros, o comboio foi recebido de forma entusiástica pela população portuguesa. Para além do rei D. Luís e respectiva família real, fizeram parte dessa viagem pelo interior de Portugal, vários membros do governo, incluindo Fontes Pereira de Melo, jornalistas nacionais e internacionais e um variadíssimo lote de pessoas, sendo uma delas o médico Pedro Ruiz, amigo de um dos jornalistas do “Diário de Notícias”.
O ano de 1882 é assim o culminar da viagem pela vida do médico Pedro Ruiz, cujas peripécias percorrem o século XIX português. O caminho começa na cidade da Guarda, onde este nasce nos anos conturbados da guerra civil de 1832-34, entre absolutistas e liberais, e onde este viveu até atingir a idade adulta já em plena Regeneração. Ajudado pelos pais e pelo mecenato de um amigo consegue ir estudar para a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, rompendo assim a interioridade e as limitações que então significavam viver numa cidade do interior de Portugal.
Em 1867, terminado o curso, Pedro Ruiz, já cirurgião no Hospital de São José, em Lisboa, cansado e desiludido com a vida na capital decide regressar às suas origens. Uma vez na Guarda, é lá que acaba por reencontrar a alegria pela vida e onde, na noite de São João, conhece Amélia, filha de um rico proprietário agrícola e namorada do seu novo amigo, que ocupa o cargo de governador civil do distrito da Guarda. O resto é a viagem desse romance que se inicia nesse ano de 1867 e que termina abruptamente nesse mesmo ano, com a saída turbulenta de Ruiz para Lisboa.
Em 1882, aproveitando a viagem inaugural do caminho-de-ferro da Beira Alta, Ruiz regressa mais uma vez à Guarda sob o pretexto de apenas visitar o seu pai, mas o reencontro ocasional com Amélia leva-o a reatar o amor que ambos tinham descoberto em 1867, mas que por circunstâncias várias, tiveram de manter adormecido por 15 longos anos.
Mas a história não acaba no reencontro de ambos. Os ódios de antigamente e as feridas mal saradas, entre liberais e absolutistas, levam a que Ruiz se veja novamente envolvido numa trama que não é a sua e que, desta vez, passa por assassinar o rei D. Luís.
Na Guarda, o livro é apresentado no dia 25 de Junho, às 17.00 horas, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço.