Todos os povos viram a salvação

A narração da história dos magos vindos do Oriente para encontrarem o Rei que acaba de nascer e Lhe prestarem homenagem, faz parte do relato da infância de Jesus, segundo S. Mateus.

Apesar de ser relato de infância, a sua mensagem destina-se a gente adulta, a pessoas que querem tomar a sério a sua vida como resposta ao anúncio do Evangelho.
S. Mateus, homem culto e inspirado por Deus, conta-nos o episódio de modo a mostrar que Jesus é o novo Moisés, o verdadeiro Libertador. Quer que nos recordemos da história de Moisés, pois também quando ele nasceu houve um rei que quis matá-lo; num sonho, o pai de Moisés foi avisado que o seu filho escapará ao massacre dos inocentes, decretado pelo Faraó, e que será um dia o salvador de Israel. Mais tarde, enquanto guiava o povo a caminho da terra prometida, uma espécie de mago, um vidente chamado Balaão, vindo do Oriente, anunciou que “uma estrela subirá de Jacob e um varão de Israel governará a muitas nações”.
Todos estes elementos da vida de Moisés certamente inspiraram o nosso evangelista. Com a história dos magos, pagãos vindos do Oriente (como Balaão no passado), passando pelas intenções perversas de Heródes (como as do Faraó) ele quis transmitir-nos, sobretudo, a boa notícia de que Jesus é o Libertador e Salvador de todos os povos. Já não se trata de libertar da escravidão do Egipto, mas da escravidão do pecado e da morte que afectam toda a humanidade.
Jesus é não só o Messias esperado mas também o Filho de Deus inesperado. De facto, ninguém podia imaginar ou esperar que Deus se fizesse Homem, assumisse a nossa condição humana, que o Verbo se fizesse carne. Mas é este o Mistério do Natal, o mistério de amor de um Deus que por nós aceita fazer-se Homem.
“Deus fez-se Homem para que o Homem se faça Deus”, dizia S. Ireneu há tantos séculos, condensando nesta frase extraordinária todo o amor e o significado da salvação. Para que o Homem possa viver a habitar com Deus no Céu, a partilhar com Deus a sua vida imortal e eterna, Deus veio habitar com os homens, assumir a nossa condição frágil e mortal para dela nos libertar. Porque aquilo que não é assumido, não pode ser salvo…
A salvação que Deus oferece, através do seu Filho, é acolhida por uns e rejeitada por outros. Assim aconteceu no tempo de Jesus e assim acontece em todas as épocas da História. A atitude dos magos, que procuram Jesus porque reconhecem n’Ele o Messias, o Filho de Deus feito homem (como indicam os seus presentes), e a atitude de Herodes e dos escribas, que não só não vão homenageá-l’O como procuram matá-l’O, simbolizam as diversas atitudes que se podem adoptar face a Jesus e ao Evangelho.
Quer a mensagem do Natal quer a mensagem de todo o Evangelho exigem uma resposta. Uns, e são cada vez mais, permanecem indiferentes face ao Evangelho; outros reagem de maneira hostil e perversa, procurando eliminar da vida pública todos os traços da fé cristã e dos seus valores. Entre a indiferença e a hostilidade mal disfarçada, resta a resposta corajosa e serena daqueles cristãos adultos e coerentes, capazes não apenas de proclamarem a sua fé na pessoa de Jesus, Messias, Filho de Deus e Salvador, mas de adoptarem atitudes e comportamentos, quer na vida privada quer na vida pública, condizente com a sua condição e missão.

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