Politécnico da Guarda
O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) tem-se afirmado, ao longo dos anos, como um pólo de desenvolvimento cultural, social e económico da região e do país.
E esta projeção, como afirmou, recentemente, Constantino Rei, tem estado assente num modelo educativo “baseado em competências, valorizando a formação técnica de acordo com as exigências do mercado de trabalho e os desafios de uma sociedade global”.
Atualmente, da oferta formativa do Politécnico da Guarda fazem parte 19 licenciaturas, 13 mestrados e 25 cursos de especialização tecnológica.
A oferta formativa do IPG tem respondido às solicitações dos candidatos ao ensino superior e ao mercado de trabalho?
Procuramos que a nossa oferta formativa vá de encontro quer ao mercado de trabalho, quer à procura, por parte dos candidatos. Todavia, hoje em dia a oferta formativa está muito condicionada por diversos fatores, a maioria dos quais externos. Assim, encontramos cursos que, tenham níveis de desemprego residuais, são pouco procurados, e depois o inverso: cursos com muita procura, mas que respondem menos às necessidades do mercado de trabalho. Por outro lado, com as exigências colocadas pela A3ES, torna-se difícil avançar para outras áreas formativas, porque não temos os recursos adequados. E não temos os recursos, porque não temos esses cursos, pelo que estamos perante a “pescadinha de rabo na boca”. Mas é verdade que estamos cada vez mais empenhados e entrosados com o mercado e as empresas, e a prova disso são os dois cursos de Técnicos Superiores Profissionais que iremos lançar, provavelmente já em Setembro, resultantes de um trabalho de parceria com a Portugal Telecom e com a ALTRAN, que como se sabe, são duas empresas que estão a apostar fortemente na região, e com as quais queremos colaborar e ajudar a resolver alguns problemas de necessidades de formação que possam existir.
Como vê o interesse suscitado pelos Cursos de Especialização Tecnológica lecionados nas Escolas Superiores que integram o IPG?
Sou suspeito para falar dos CET, pois foi na ESTG, comigo como Diretor, que o IPG começou a oferecer estes cursos, contra a vontade de alguns. A nossa missão é formar, e dar resposta às empresas e às pessoas, pelo que é como agrado que constato que, se não fossem os CET o IPG estaria hoje bem pior. Estou convicto que, no futuro, e com a aprendizagem que fizemos com os CET, e apesar de todo o processo ter sido desenvolvido de uma forma atabalhoada e errada por parte do ministério, poderemos ter nos novos cursos de técnicos superiores profissionais que irão substituir os CET, uma oportunidade para melhor respondermos às necessidades das empresas e da sociedade em geral.
Como encara o próximo ano letivo?
Com alguma apreensão, mas também tranquilidade. Sabemos que os resultados das colocações do concurso nacional dependem muito pouco do nosso esforço. O número de candidatos não será muito diferente do ano anterior, a crise ainda não permite o regresso de muitos que abandonaram o ensino superior por dificuldades financeiras, apesar de ser positivo o lançamento do programa RETOMAR, por parte do governo. No entanto não espero grandes resultados deste programa, como não espero do programa de bolsas de mobilidade que o Governo prometeu. As candidaturas já se iniciaram, e não tendo ainda sido lançado esse programa, ele não terá qualquer impacto no próximo ano letivo. Infelizmente, em particular nas áreas das engenharias, não há motivos para esperar melhorias.
Estamos contudo confiantes e surpreendidos com a elevada adesão de estudantes internacionais que estão neste momento a concorrer, o que prova que a estratégia que delineámos para este “mercado” poderá dar frutos nos próximos anos. E a receita é bem simples: temos que investir e promover o IPG, e os cursos, em alguns países onde há potencial, como é o caso do Brasil.
No último ano letivo o IPG viu acreditados, pela A3ES, vários cursos. O que representa para o Presidente do IPG este reconhecimento?
É o corolário lógico do desempenho de todos os que trabalham no IPG, desde o operário menos qualificado aos docentes mais qualificados, que perceberam e apoiaram uma estratégia assente na qualidade, no rigor, na transparência, e sobretudo no trabalho sério e honesto.
Nestes últimos anos, alunos e docentes do Politécnico têm recebido distinções nacionais e internacionais, em vários concursos ou na apresentação de projetos. Que leitura faz destes prémios?
Dou a mesma resposta: quem trabalha com dedicação e motivação, mais cedo ou mais tarde colhe os frutos. Os professores estão mais qualificados o que lhes permite trabalhar e investigar mais e melhor, e com isso também os alunos são beneficiados, porque os professores também lhes dão maior e melhor apoio e incentivos.
Os docentes e investigadores, nacionais e estrangeiros, têm destacado o nível dos equipamentos existentes e as boas condições de aprendizagem. Há novos planos e estratégias para o IPG continuar na vanguarda?
Neste momento estamos precisamente a executar e montar um novo laboratório e reequipar outros, através de uma candidatura ao programa Mais Centro. Trata-se de um investimento global de quase 700 mil euros, financiados a 85% por fundos comunitários. Este novo laboratório pretende-se que se concentre em atividades e investigação que conduzam ao lançamento de novos produtos em algumas áreas. Até ao final do ano, não só este laboratório, como também o FabLab que está em fase de montagem de equipamentos, estarão concluídos, pelo que teremos ao dispor, não só dos docentes, mas também da comunidade e das empresas, mais e melhores condições para reforçarmos essa imagem e reputação.
O IPG tem sido palco, nos últimos anos, de vários eventos académicos e científicos, de âmbito nacional e internacional. Que importância atribui a estas iniciativas em termos de projeção do Politécnico da Guarda?
Como por várias vezes referi, e consta do nosso Plano Estratégico, identificámos, no início do mandato, duas áreas onde, apesar dos progressos, ainda teríamos muito trabalho pela frente para melhorar: tratam-se das áreas da investigação e também da internacionalização. Apostar na realização de eventos científicos internacionais contribui significativamente para melhorar os nossos indicadores nestas duas áreas. E depois há outro aspeto que muitas vezes é descurado pela opinião pública: um evento nacional e sobretudo os de caráter internacional, trazem pessoas à cidade, que aqui dormem nos hotéis, que conhecem a cidade, os seus recursos, que aqui deixam algum dinheiro e logo contribuem para o nosso comércio e para a promoção e divulgação da cidade e da região.
A internacionalização do Politécnico da Guarda, e na sequência das ações, protocolos e contatos até agora desenvolvidos, vai prosseguir para novas áreas, geográficas e científicas?
O nosso Gabinete de Mobilidade e Cooperação, apoiado por alguns docentes, tem feito um trabalho digno de realce: temos alargado significativamente as mobilidades de docentes, dos alunos e funcionários. Os programas Erasmus e os fluxos de mobilidade têm aumentado e temos executado sucessivamente mais do que o previsto, o que tem levado a constantes reforços dos apoios concedidos pela agência nacional.
Este trabalho irá continuar, mas estamos a apostar fortemente em ações que permitam aproveitar a recente publicação do estudante internacional que nos vai permitir admitir estudantes de outros países, o que até agora se tornava muito difícil. Não se trata de captar estudantes que vêm por períodos curtos como é o caso dos estudantes Erasmus, mas sim de trazer novos estudantes que aqui vêm realizar a totalidade do curso. Posso dizer que arriscámos, investimos alguns milhares de euros em publicidade e promoção num estado do Brasil, e os resultados parecem estar a aparecer. Ainda estamos em fase de candidaturas, mas pela adesão que temos tido, medida pelas várias dezenas de candidatos que já apresentaram a sua candidatura, estamos até surpreendidos, mas sobretudo confiantes que, gradualmente, com uma estratégia promocional adequada e sustentada, poderemos encontrar aqui um novo fôlego na vida do IPG.