Páscoa – Mensagem de vida nova Jesus é a nossa Páscoa, diz S. Paulo (I Cor. 5,7).
Ele está vivo e convida-nos a acreditar na vida. É esta a mensagem da Páscoa, palavra que quer dizer passagem; neste caso, passagem da morte para a vida, como aconteceu com Jesus. Mas também é passagem de uma vida menos digna para vida mais digna, de vida sujeita a constrangimentos e limitações para vida mais plena, em que contam os valores materiais, mas principalmente os outros.Depois de termos vivido a Quaresma para repensarmos a nossa vida e avançarmos por caminhos de conversão e renovação, temos pela frente a Festa da Páscoa e seu prolongamento no Tempo Pascal, ao longo de 50 dias. É tempo para procurarmos que a nossa vida pessoal e das nossas comunidades possa espelhar o mais possível a novidade de Cristo Ressuscitado. Essa novidade transforma os nossos corações e as nossas vidas e motiva-nos para o compromisso com o cuidado que devemos uns aos outros e à casa comum do mundo em que nos encontramos. Claro que o Domingo de Páscoa ou da Ressurreição não vai fazer cessar, de repente, todas as nossas contrariedades e sofrimentos. Mas motiva-nos para fazer como Jesus fez, ao dar a sua vida para todos terem mais vida.Ora, neste tempo de pandemia muito persistente, precisamos de reforçar ou encontrar formas novas de ir ao encontro dos que sofrem as suas consequências, ou porque perderam algum familiar ou porque passam por instabilidades novas, como é o caso dos que perderam o emprego ou viram diminuídos os seus rendimentos, com risco de passarem a não dispor dos bens indispensáveis para viverem com dignidade juntamente com suas famílias. Por isso, apesar dos sofrimentos que a pandemia nos está a impor, e não sabemos até quando, a nossa proximidade dos que precisam de ajuda não pode diminuir. Se não pudermos ter os contactos físicos desejáveis, havemos de encontrar formas de cuidar deles, ajustadas às circunstâncias.Jesus Ressuscitado transporta consigo as marcas de uma vida totalmente entregue pelo bem dos outros e, assim, nos diz que também qualquer outra vida só tem verdadeiro sentido se seguir esse caminho.Queremos, por isso, nesta Páscoa, manifestar o nosso especial apreço pela dedicação de quantos se empenham em cuidar dos outros, sejam os que tratam dos doentes, sejam os que assistem as famílias ou procuram estar próximos dos mais sós ou com necessidades que sozinhos não podem satisfazer. Gestos como estes revelam a verdadeira nobreza daqueles que desejam fazer da sua vida uma entrega pela grande causa de restituir a alegria de viver a quem a perdeu ou corre o risco de a vir a perder.A Páscoa diz-nos que temos de ser cada vez mais cuidadores uns dos outros e também deste mundo que nos é dado para nele habitarmos com dignidade e o deixarmos habitável para as gerações futuras.Que nesta Páscoa possamos sentir a alegria e a força de Jesus Ressuscitado; Ele que, com as marcas da sua vida totalmente entregue até à morte pelo bem de todos, nos motiva pelos caminhos do cuidado e da vigilância uns pelos outros.Assim faremos o necessário percurso rumo àquele ideal de fraternidade universal que o Papa Francisco propõe na sua encíclica “Todos irmãos”.29.3.2021+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda