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João Monteiro – Campeão do Mundo de Masters do escalão 40-44 anos, em ténis de mesa

“Estou bastante feliz por ter sido Campeão do Mundo de Masters numa prova que foi a maior de sempre do ténis de mesa mundial, com mais de seis mil participantes”

Entrevista

João Monteiro, Campeão do Mundo de Masters do escalão 40-44 anos, em ténis de mesa, é natural da Guarda. Estudou na Escola Primária de Tercena, depois na Escola EB2,3 Miguel Torga, Faculdade de Motricidade Humana e Universidade Lusófona até ao 3º ano de Educação Física para emigrar e para ser profissional de ténis de mesa.

Nos tempos livres gosta de estar com a família, ler, ver notícias de outras modalidades, caminhar e meditar. 

A GUARDA: Quem é João Monteiro e o que o distingue como atleta?

João Monteiro: João Monteiro é um rapaz de 40 anos que vai fazer 41 anos 29 de Agosto. Pratico ténis de mesa desde os nove anos de idade. Comecei no Grupo Recreativo de Tercena, com o professor Filipe Amaral. Foi ele que me trouxe para o ténis de mesa e a pessoa por quem eu estou bastante grato por me ter trazido para este bonito desporto.

O que me distingue como atleta é, antes de mais, gostar muito da modalidade, ser um apaixonado pelo ténis de mesa, não conseguir viver sem o ténis de mesa. E depois, se calhar o que me diferencia da maior parte dos outros atletas é que eu sou muito empenhado, dou sempre 100% em todos os treinos, tento sempre melhorar em cada dia independentemente de algumas adversidades que às vezes possam aparecer no meio do caminho. Felizmente, ao longo dos anos, tenho alcançado resultados baste bons a nível internacional. No final de contas, penso que a minha carreira tem sido bastante boa.  Estou muito orgulhoso por isso e espero continuar a obter bons resultados daqui para a frente.

A GUARDA: Quando e onde começou a jogar ténis de mesa?

João Monteiro: Como já referi comecei a jogar com nove anos de idade. Foi por acaso mesmo porque ninguém da minha família antes tinha sido praticante de ténis de mesa. Eu apenas tinha tido uma primeira abordagem ao ténis de mesa, na Suíça, quando fui passar férias com os meus primos, o Hugo e a Cátia, e condomínio deles tinham uma mesa de ténis de mesa e passámos alguns dias das férias a jogar e depois passado algum tempo o professor Filipe Amaral que foi o meu primeiro treinador, foi à minha escola, a Escola Básica de Tercena, a Primária, e fez uma bateria de testes físicos às 120 crianças que frequentavam a Escola e, depois, consoante os resultados escolheu os 20 melhores e eu era uma deles. Levou-nos ao Grupo Recreativo de Tercena onde nos apresentou a modalidade, o Ténis de Mesa, eu experimentei e gostei. Foi aí que começou a minha caminhada no ténis de mesa.

A GUARDA: No dia 14 de Julho sagrou-se campeão do mundo de masters do escalão 40-44 anos. Um feito grandioso para o ténis de mesa nacional?

João Monteiro: Sim, pela primeira vez um mesa tenista português foi Campeão do Mundo. Estou bastante feliz por ter sido Campeão do Mundo de Masters numa prova que foi a maior de sempre do ténis de mesa mundial, com mais de seis mil participantes no total. Não podia estar mais satisfeito e orgulhoso por ter conquistado o título mundial. É um motivo de bastante orgulho e satisfação conseguir vencer um titulo mundial para mim e para o meu País.

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A GUARDA: Tem um percurso invejável em que se incluem participações olímpicas. Quais os resultados mais significativos da sua carreira?

João Monteiro: Dos resultados mais significativos da minha carreira, felizmente tenho muitos, posso citar alguns: Sou Tricampeão da Europa; sou medalha de bronze, em pares, no Campeonato do Mundo; sou Campeão do Mundo de Masters; sou vice campeão do top 16 Europeu, que reúne os 16 melhores atletas do continente Europeu; Sou seis vezes Campeão Nacional. Penso que, para citar alguns, estes talvez sobressaiam em relação aos outros, obviamente não esquecendo quatro participações em Olimpíadas – Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020 – com destaque para o 5º lugar em equipas Londres 2012 que também possibilitou ter um diploma olímpico, o que me deixa também bastante orgulhoso. E também não posso deixar de destacar o ter sido agraciado pelo Presidente da altura, o Dr. Cavaco Silva, como Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

A GUARDA: Este ano aparece como suplente da equipa masculina lusa para Paris-2024, ou seja, ainda tem muito para dar ao ténis de mesa nacional?

João Monteiro: Sim, eu tenho ainda muito para dar ao ténis de mesa. Estou entre os melhores atletas da Europa e do Mundo, há mutos anos. Ainda tenho muito para dar. Tenho valor para estar na equipa principal de ténis de mesa. Infelizmente não fui seleccionado para jogar os Jogos Olímpicos. Irei estar como atleta reserva mas tenho valor mais do que suficiente para estar integrado também na equipa. Penso que não é a melhor altura agora para falar sobre isso, porque haveria muito a dizer sobre esta convocatória, mas não vale a pena agora estarmo-nos a focar nisso, temos tempo depois dos Jogos Olímpicos para falar.

A GUARDA: Como olha para as novas gerações de atletas olímpicos no âmbito do ténis de mesa?

João Monteiro: As novas gerações têm muitas coisas que na minha altura, com a idade deles, eu não tinha. Actualmente existe já um Centro de Treino de Alto Rendimento com treinadores profissionais, com infraestruturas que possibilitam que os atletas tenham excelentes condições de trabalho. Frequentam uma escola muito perto do local do treino, têm um motorista que os vai levar à escola, que os vai buscar à escola, que lhes vai buscar comida… Hoje em dia os atletas só precisam de estar motivados para treinar e tentar evoluir, na minha altura não era assim. Tive inclusive de emigrar porque as condições no País não eram as ideais. Mas os atletas de hoje em dia, os jovens, têm de trabalhar bastante e, na minha opinião, têm de ter muito mais motivação e ambição porque na maior parte deles é isso que eu vejo que falta. Têm as condições, mas depois falta o mais importante que é a motivação, a ambição de querer ser melhor.

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A GUARDA: O João Monteiro tem uma forte ligação à Guarda e também a Nave de Haver (Almeida). O que significam para si estes lugares?

João Monteiro: Sim, tenho ma grande ligação com Nave de Haver apesar de ter nascido na Guarda. Sempre que vou para essa zona do País estou em Nave de Haver. Os meus pais são naturais de Nave de Haver. Tenho família também que reside em Nave de Haver, em Vilar Formoso. Tenho família que reside mesmo na cidade da Guarda. Mas realmente a maior pate do tempo eu passo em nave de Haver, quando vou à Beira Alta. Gosto bastante de estar em Nave de Haver, na época das festas, em Agosto. Se calhar muitas pessoas pensam que eu não gosto de ir a Nave de Haver mas é precisamente o contrário, o prolema é que, muitas das vezes, devido à minha profissão, eu não me consigo deslocar para estar mais tempo por lá. Mas é precisamente o contrário, sempre que vou gosto bastante porque consigo ver muitos familiares que não costumo ver durante o ano e, como disse, gosto bastante, particularmente das festas de Nave de Haver em Agosto. Infelizmente, este ano, não vou poder ir porque vou estar em paris, mas sempre que posso gosto de ir a Nave de Haver.

A GUARDA: De que maneira é que o ténis de mesa poderia ser promovido e dinamizado nesta zona interior do País?

João Monteiro: O ténis de mesa e o desporto em geral, as outras modalidades, têm de ser promovidas e dinamizadas por pessoas que estejam ligadas à modalidade porque só dessa forma é que conseguimos implementar o gosto pelo desporto e pelas modalidades às crianças porque, infelizmente, em Portugal ainda há muita pouca cultura desportiva. Aquilo que nós vemos quando dá o desporto nas notícias é 90% notícias sobre futebol. Vou-lhe dar um exemplo concreto: ainda nem começaram os campeonatos e, mesmo assim, fala-se dos jogos amigáveis dos clubes, fala-se das transferências destes jogadores de uns clubes para os outros e depois dá-se muito pouco enfase ao resto das modalidades, infelizmente. E Portugal tem modalidades que muito dão já ao País, o ténis de mesa é uma delas, e que mereciam maior destaque por parte da comunicação social. Devido à falta de cultura desportiva é apenas o futebol que é promovido e uma ou outra modalidade e as outras ficam todas aglomeradas no 5% de promoção que existe ou de divulgação que existe nos meios de comunicação social. Para promover e para dinamizar as modalidades, seja nesta zona interior do País, seja noutras zonas, mesmo nas cidades grandes como Lisboa e Porto, tem de ser por pessoas que estejam ligadas à modalidade, que façam essa introdução e que mostrem às crianças a modalidade, porque esse é o primeiro passo para que possamos ter cada vez mais jovens a praticar desporto e diversas modalidades.

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