Iniciativa é apoiada pelo Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas
Empresários, produtores, técnicos e investigadores defendem novas formas de produzir e escoar a amêndoa de Trás-os-Montes e Alto Douro, através da aposta em variedades locais, com mais sabor e aroma, na conservação de variedades em extinção e no desenvolvimento de novos produtos ou até novas formas de utilização, como por exemplo, na cosmética.
“Estamos a fazer um diagnóstico pragmático e completo do sector, que urge ser feito. Queremos dar resposta aos problemas que estão a estrangular a cultura, como a falta de organização e de aconselhamento técnico ou os baixos preços pagos ao produtor”, explica Ana Paula Silva, do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Para criar uma nova dinâmica em toda a fileira, as potencialidades deste fruto seco vão estar em discussão amanhã, 23 de Maio, nas Jornadas Técnicas da Amêndoa, em Alfândega da Fé, numa iniciativa da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, da UTAD, do CITAB, do Instituto Politécnico de Bragança e do Centro de Investigação da Montanha.
Os participantes pretendem perceber, por exemplo, quais as variedades ou combinações que melhor se adaptam ao solo e clima dos principais concelhos produtores de amêndoa, como Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Alfândega da Fé e Freixo de Espada à Cinta, da Terra Quente Transmontana.
Segundo os especialistas, apesar de Portugal gerar actualmente apenas 1% da produção mundial de amêndoa, a cultura apresenta características interessantes que a podem tornar numa aposta lucrativa para os agricultores.
“Temos condições naturais muito favoráveis ao cultivo, que é feito, praticamente, em modo de produção biológica. É também uma cultura económica e ambientalmente sustentável, com um enquadramento perfeito com a vinha e o olival”, argumenta Ana Paula Silva.
Além disso, a amêndoa adapta-se “a uma região desertificada e envelhecida como Trás-os-Montes pois os custos de produção são relativamente reduzidos e exige pouca mão-de-obra quando comparada com outras culturas, nomeadamente a vinha”, esclarece a investigadora do CITAB.
A amêndoa gera um volume de negócios na ordem dos 8 mil euros/ano, na região de Trás-os-Montes, através da produção de cerca de duas mil toneladas, o equivalente a 67% da produção nacional.
Tomando o exemplo de Espanha, líder europeu na produção de amêndoa, com cerca de 220 mil toneladas/ano, os promotores da iniciativa esperam ainda visitar em breve explorações de sucesso no país, para replicar as boas práticas em terras lusas.