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Entrevista: António Monteirinho, Presidente da Concelhia do PS Guarda

“Estamos conscientes de que, no Concelho da Guarda, se vive, hoje, um sentimento claro de apelo à mudança”

António Monteirinho, actual Presidente da Concelhia do PS Guarda, é natural de Moçambique, mas vive na Guarda desde os 15 anos. Gosta de praticar desporto e tem uma paixão especial pela natação e pelo futebol. Passa os tempos livres em família, especialmente na companhia da esposa e dos filhos, não dispensando uma boa leitura ou o desafio de uma partida de xadrez. 
A GUARDA: Quem é António Monteirinho, actual Presidente da Concelhia do PS Guarda?
António Monteirinho: António Monteirinho é um cidadão da Guarda, com 50 anos de idade, católico, casado e pai de dois jovens rapazes. Nasci em Moçambique, mas vivi a infância em Belmonte, onde frequentei e conclui o 1º ciclo do ensino básico, em meados da década de 70. Mais tarde, ingressei no Seminário do Verbo Divino, no Tortosendo, tendo concluído o ensino secundário, na Escola Industrial, na cidade da Guarda, onde resido, desde os 15 anos de idade. Sou licenciado em Engenharia Mecânica, pelo Instituto Politécnico da Guarda e tive a primeira experiência autárquica na Câmara Municipal de Celorico da Beira.Em termos profissionais, sou consultor de peritagens técnicas, avaliações e riscos profissionais, para Seguradoras e Bancos e integro, também, o corpo docente da Ensiguarda – Escola Profissional da Guarda.O gosto pela intervenção política nasceu nos tempos de estudante do ensino superior, tendo desempenhado os cargos de Presidente da Associação de Estudantes do Instituto Politécnico da Guarda (AEIPG) e de Presidente da Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), entre outras importantes representações ao nível nacional. 
A GUARDA: Qual a estratégia para voltar a mobilizar os militantes do PS na Guarda, tendo em vista os próximos desafios eleitorais?
António Monteirinho: A mobilização dos militantes e dos simpatizantes em torno do projecto que lidero na Concelhia do Partido Socialista da Guarda tem vindo, claramente, a superar expectativas. O projecto “A Guarda por Todos” não terminou no dia em que fui eleito Presidente da Concelhia do Partido Socialista da Guarda. Muito pelo contrário, nesse dia começámos a dar passos muito significativos de agregação dos militantes e começámos a delinear uma estratégia de aproximação do PS à sociedade civil da Guarda, que nos parece, já hoje, bem visível, em múltiplos aspectos. Desde logo, na forma responsável e bem preparada como o Partido Socialista intervém, nos vários órgãos autárquicos do Concelho, seja na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal ou nas Assembleias de Freguesia. Para além disso, temos, hoje, um Partido Socialista atento à situação política da Guarda e do Concelho, capaz de marcar a agenda política local com uma intervenção pertinente, assertiva e clara, procurando apontar caminhos alternativos e credíveis que vão ao encontro das legítimas expectativas dos Guardenses.Temos consciência da importância do próximo grande desafio eleitoral, que é o desafio autárquico. Mas estamos muito tranquilos e muito confiantes, porque o Partido Socialista tem vindo a construir uma estratégia política assente na união interna dos militantes e na valorização dos seus quadros, a par do envolvimento com os cidadãos e com as instituições que, todos juntos, muito têm contribuído para a definição dos principais eixos programáticos a ter em conta, aquando da elaboração do programa eleitoral que queremos apresentar aos Guardenses e que, esperamos, possa vir a ser merecedor da sua confiança.O Partido Socialista consegue mostrar a sua força se estiver unido em torno de um projecto político sólido e capaz de envolver todos os militantes e simpatizantes. No Partido Socialista em que eu me revejo, nenhum militante é dispensável. Todos os socialistas fazem falta para construir uma estratégia vencedora! E, por isso, enquanto Presidente da Concelhia, eu quero poder contar com todos os socialistas!
A GUARDA: As eleições autárquicas são um desafio ou uma prioridade para o PS, no concelho da Guarda?
António Monteirinho: Qualquer ato eleitoral constitui, sempre, para o Partido Socialista um desafio e uma prioridade. Como partido político, o PS tem sempre o maior interesse em participar nos actos eleitorais e em vencer.Todos estamos conscientes de que, no Concelho da Guarda, se vive, hoje, um sentimento claro de apelo à mudança.A experiência de governação do PSD na Guarda começou por ser uma espécie de venda de ilusões, que numa primeira fase até teve algum sucesso junto o eleitorado, mas é actualmente um enorme pesadelo de que os Guardenses querem acordar o mais rapidamente possível.Os cidadãos da Guarda, do Concelho, das Freguesias sabem hoje, melhor do que nunca, avaliar o empenho, a dedicação e a qualidade do trabalho desenvolvido pelo Partido Socialista durante o período da sua governação. Em contrapartida estão muito conscientes da desilusão e do engano a que foram levados pelo PSD, nos últimos 7 anos.E, é precisamente esse apelo à memória do bom trabalho desenvolvido pelo Partido Socialista, presente na consciência de tantos Guardenses, que leva o PS a encarar as próximas eleições autárquicas como uma prioridade. Uma prioridade para mostrar à Guarda que é possível voltar a acreditar numa verdadeira estratégia de desenvolvimento social e económico para Concelho, com verdadeiros reflexos na vida dos Guardenses, que são, esses sim, o nosso verdadeiro desafio. 
A GUARDA: O ainda não cumprimento de algumas promessas, por parte do actual Governo Socialista em relação à Guarda, é uma pedra no sapato para a estratégia da concelhia? 
António Monteirinho: De modo nenhum. As obras estruturantes para a Guarda foram sempre lançadas e concretizadas por Governos do PS e, nesse sentido, os Guardenses podem estar tranquilos quanto ao cumprimento das promessas eleitorais do Partido Socialista.Dou-lhe um exemplo muito concreto. Se hoje a Guarda tem um Hospital de referência regional no combate à COVID-19, que a maioria das cidades dos Interior não possui, tal se deve, entre outros aspectos, à qualidade das suas instalações, nomeadamente das instalações que correspondem à primeira fase do nosso Hospital, lançada por um Governo do PS. Pena é que o Governo seguinte, do PSD, as tenha considerado excessivamente boas para a Guarda e tenha, inclusivamente, mandado cancelar a execução da segunda fase. Não fora essa irresponsabilidade do PSD e hoje teríamos na Guarda um Hospital de referência e António Costa não teria tido necessidade de vir à Guarda prometer o que o PS sempre quis fazer na nossa cidade e o que o PSD, incompreensivelmente impediu que se fizesse, com a anuência do então Presidente da Câmara Álvaro Amaro e dos demais responsáveis social democratas deste distrito, alguns do quais se autoproclamam, agora, demagogicamente, como os maiores defensores do Hospital da Guarda e da construção da segunda fase. Portanto, os Guardenses sabem bem que podem estar tranquilos e sabem que podem confiar no PS, porque honrará os seus compromissos eleitorais, tal como sempre tem feito.
A GUARDA: Como analisa a actual situação política da Câmara Municipal da Guarda?
António Monteirinho: O Partido Socialista tem acompanhado com especial preocupação a situação política que se vive na Câmara Municipal da Guarda, nomeadamente no que respeita à complexidade dos relacionamentos do Senhor Presidente da Câmara com a Senhora Presidente da Assembleia Municipal e, também, com o Senhor Vereador do PSD sem pelouros. O clima de permanente “guerrilha” política interna que se tem vivido nos Órgãos do Município (Câmara Municipal e Assembleia Municipal), protagonizado por elementos sufragados na mesma equipa e no mesmo projecto político do PSD, nas últimas eleições autárquicas, tem contribuído, muito significativamente, para que os Guardenses se sintam cada vez mais preocupados e desconfiados relativamente à qualidade do modelo de governação que tem vindo a ser prosseguido, tantos são os sobressaltos que o têm caracterizado. A nossa mensagem aos Guardenses tem sido clara e inequívoca. Não somos a favor da interrupção de mandatos e, muito menos, quando os membros dos órgãos autárquicos, se encontram revestidos de toda a legitimidade legal para os levarem até ao fim. A avaliação da legitimidade política, essa, caberá, naturalmente, ao PSD aferi-la, através dos seus mecanismos estatutários próprios. No entanto, continuamos sempre fiéis ao princípio norteador e basilar da democracia: governa quem ganha e faz oposição e constrói alternativa quem perde. Em 2017, os Guardenses escolheram, democraticamente, o PSD para governar a Cidade e o Concelho e deram ao PS a responsabilidade de se constituir como oposição e alternativa.Passados que estão três anos das últimas eleições autárquicas, entendemos que os papeis de devem manter até ao fim. Ao PSD cabe continuar a governar e ao PS cabe continuar a construir um projecto alternativo de governação em que os Guardenses se revêem cada vez mais, fruto do desnorte de um projecto político que prometeu uma Guarda confiante e que fez da nossa cidade uma Guarda desconfiada. Mas este não é o momento para julgamentos antecipados. Este é o momento ajudar os Guardenses a resolver os problemas que, infelizmente, os afligem. Os Guardenses é que devem ser, nos próximos meses, o principal foco político de todos!Por isso, o PS assume, uma vez mais, o seu compromisso de responsabilidade com a Guarda e pela Guarda.Os Guardenses sabem que podem confiar no Partido Socialista e sabem que o Partido Socialista é um Partido que zela, sempre, pela estabilidade e pela Democracia.
A GUARDA: O PS da Guarda está preparado para ser alternativa na Câmara da Guarda?António Monteirinho: O PS tem vindo a assumir-se, em cada dia, como o garante da estabilidade política da Guarda e isso é uma prova inequívoca de que está preparado para ser alternativa na Câmara da Guarda.A governação Social Democrata da Câmara da Guarda foi apenas uma pequena interrupção, infeliz, do projeto de desenvolvimento estratégico da Guarda protagonizado pelo Partido Socialista, desde os alvores da Democracia. Se analisarmos bem a história política da Guarda facilmente percebemos que foi com o Partido Socialista que se proporcionou o verdadeiro projeto de desenvolvimento do nosso Concelho. Desde os mandatos do Presidente Abílio Curto, marcados pelo investimento forte nas Freguesias e pelo lançamento de grandes obras estruturantes como o edifício dos Paços do Concelho, a Central de Camionagem, o Mercado Municipal, a VICEG entre tantas outras obras. Passando, depois, pelos mandatos da Presidente Maria do Carmo Borges e do Presidente Álvaro Guerreiro, marcados pela concretização do Teatro Municipal da Guarda, do Paço da Cultura, das Piscinas Municipais, dos Quarteis de Bombeiros da Guarda e de Gonçalo, pela construção de Centros Culturais e de Convívio nas freguesias e pela requalificação de grande parte da rede viária municipal. Ou, mais tarde, nos mandatos de Joaquim Valente, marcados pela concretização do Parque Urbano do Rio Diz, da Biblioteca Municipal, dos Centros Escolares, da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial, a par de um conjunto significativo de investimentos na educação e na cultura que sempre fizeram da Guarda uma referência regional e, até, nacional. É no Partido Socialista que está o verdadeiro ADN de desenvolvimento da Guarda. É a história que no-lo comprova, não sou só eu que o digo!Ao longo destes fatídicos 7 longos anos da governação do PSD já todos pudemos compreender muito bem o que podemos esperar daqui para a frente.O PS tem, hoje, um conjunto de novos quadros, bem preparados, para poder dar continuidade ao bom trabalho interrompido em 2013. E é olhando com orgulho para o passado, que o PS há-de saber conseguir inspirar a confiança dos Guardenses no futuro.O que posso garantir aos Guardenses, enquanto Presidente da Concelhia do PS, nesta entrevista, é que estamos a trabalhar, todos os dias, na construção de um projecto alternativo para a governação da Câmara Municipal da Guarda, pois sabemos que é essa a vontade dos cidadãos da Guarda.
“Ambicionamos uma Guarda moderna, atractiva e cosmopolita, livre dos constrangimentos do conceito de interioridade”
A GUARDA: Como olha para o futuro da Guarda e do concelho?
António Monteirinho: Sinceramente, olho para o futuro da Guarda com muita preocupação. A ineficácia, a incapacidade e a inaptidão do PSD têm de ser vencidas. Quando olho para a Câmara da Guarda, vejo uma autarquia tolhida, amarrada, sem capacidade de lutar pelo desenvolvimento da Guarda e pelo reconhecimento da sua centralidade regional, geográfica e estratégica. Olho com muita preocupação para a ausência de objectivos políticos que visem a criação de emprego e a fixação das gerações mais jovens. Entristece-me ver nascer e crescer, noutras capitais de distrito, incubadoras de empresas e centros de investigação e de atracção de investimento empresarial e constatar que na Guarda nada acontece, neste sector determinante para o desenvolvimento do Concelho.Tenho dificuldade em encarar uma Guarda fraca quando sei que já foi tão forte e perturba-me o facto de sentir uma Guarda pobre quando sei que já foi tão farta.Não consigo compreender a lógica do projecto político que está a ser desenvolvido pelo PSD, parco em soluções para enfrentar os desafios demográficos que nos atormentam ou que nos deviam atormentar.Não consigo compreender o rumo que está a ser traçado para as freguesias rurais do Concelho, com total ausência de investimento e de estratégia, daí resultando um esvaziamento da população, que a todos deve preocupar. Custa-me muito idealizar numa Guarda que ambiciona ser Capital Europeia da Cultura, mas que deixa degradar a programação cultural do TMG e a relação com as Associações Culturais do Concelho, polos agregadores de vontades, de dinâmicas, de cultura, de sabedoria e de grande capacidade de intervenção junto das comunidades.É esta visão negativa da Guarda que o PS quer ter a oportunidade de reverter, devolvendo aos Guardenses a confiança, num novo ciclo político, capaz de acender a chama da esperança e de acrescentar o “F” de Futuro ao epíteto da Guarda. Ambicionamos uma Guarda moderna, atractiva e cosmopolita, livre dos constrangimentos do conceito de interioridade que, como bem o definiu Eduardo Lourenço, é “mais filho da história do que da geografia” e que tem, cada vez mais, de ser encarado como uma oportunidade, ou não fosse a Guarda esta Cidade altaneira, porta e janela da Europa.

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