“Só avança quem descansa”. (Vasco Pinto Magalhães, SJ)
A Liturgia da Palavra deste XVI Domingo Comum, apresenta-nos o olhar de Deus sobre o Seu povo e a iniciativa que toma para O reunir, como um pastor, “o resto das suas ovelhas”, sendo isto concretizado na ação de Jesus Cristo, O Deus feito homem.
Assim a proposta de Jesus aos seus discípulos, depois da sua primeira experiência evangelizadora, é de descansar um pouco “vinde comigo para um lugar isolado e descansei um pouco”. Encontra-se uma forte ligação desta proposta de Jesus com os ensinamentos de São Paulo aos cristãos de Éfeso quando lhes diz, “Cristo é de facto, a nossa Paz”.
Por isso, ação evangelizadora e missionária dos enviados de Jesus, os seus discípulos, requer no presente o que O Mestre propôs nos Seus dias “vinde comigo e descansei um pouco”. Esta época do ano, é vista como tempo propício para a pausa na atividade exercida, o descanso do trabalho diário, a mudança de lugar e de espaço para o tempo de férias. A necessidade de descanso leva a que saibamos encarar, as merecidas férias, para um recarregar de energias que ajuda nas diversas dimensões da nossa saúde, mental, física e espiritual.
Assim, sabendo nós que a ação evangelizadora ou o trabalho com sustentamos a vida e a família, requer disponibilidade porque é exigente, o caminho que a Palavra de Deus nos aponta, requer da nossa parte a consciência de que só poderemos dar aos outros aquilo que temos, só poderemos ajudar os outros se nós estivermos bem, só poderemos levar a Paz e o Amor de Deus se estivermos em Paz e com Deus.
A primeira leitura, do livro de Jeremias, lembra os maus pastores que não cuidaram das ovelhas e do rebanho e que por falta desse cuidado se perderam e dispersaram, e que agora terão as consequências das suas más ações. Em contraposição com os maus pastores, o próprio Deus cuidará do Seu rebanho e das Suas ovelhas, isto é, do Seu Povo, como um Bom Pastor, fazendo surgir um “rebento justo” e o Povo viverá em segurança.
Na segunda leitura, São Paulo, apresenta Jesus como Caminho de Reconciliação e de Unidade, que leva a um só povo, nascido da Cruz e arauto da Paz. Cristo “a nossa Paz”, veio para que não nos sintamos perdidos e vivamos a comunhão própria de quem quer ser um Povo ou Igreja, um “rebanho” unido e uno.
O texto do Evangelho conta-nos a reação dos Apóstolos que voltam da primeira experiência evangelizadora, que os marcou profundamente, querendo “contar a Jesus tudo o que tinham feito e ensinado”.
No entanto, ao convite para descansarem um pouco, ao chegarem ao local para onde se deslocaram, ao desembarcar, “Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se de toda aquela gente e começou a ensinar-lhes muitas coisas”.
Neste tempo, como no passado, está diante de nós, a realidade da missão evangelizadora, a grande Seara do Senhor; por isso, quantas vezes vamos com o intuito de fazer uma pausa e a necessidade obriga-nos a mais um esforço? Quantas vezes surgem dúvidas entre “o ser maus pastores, que não cuidam” e o limite das forças e da saúde?
Que o Senhor Jesus, o Bom Pastor nos dê os dons do Espírito Santo, para sermos capazes de distinguir entre o excesso estéril e a compaixão vivificante. Com Jesus ao nosso lado é possível proceder com segurança, é possível superar as provações e progredir no amor a Deus e ao próximo. Jesus fez-se dom para os outros, tornando-se assim modelo de Amor e de serviço para cada um de nós.