Grande Guerra de 1914-1918
No livro “Portugal na Guerra – o Batalhão Expedicionário de Infantaria 12 na Flandres (1917-1919)”, da autoria de Horácio de Assis Gonçalves, tenente de Infantaria, impresso em 1 de Julho de 1925, no Porto, é feito o relato da presença dos soldados da Guarda em cenários da I Grande Guerra.
A publicação refere que, em 20 de Março de 1917, “o batalhão mobilizado na sua máxima força, com 23 oficiais, 48 sargentos e 1.028 cabos e soldados (…) inicia a sua marcha do quartel para a estação de caminho-de-ferro da Guarda, estendendo-se numa longa coluna de 2 quilómetros, com pais, mães, filhos, irmãos, noivas, à mistura … trocando os últimos beijos, os últimos abraços, os últimos conselhos e promessas, as últimas esperanças e confidencias, com aqueles soldados que iam para um mundo desconhecido onde se dizia que trovejava o canhão, e havia três anos se consumiam vidas aos milhões e se devoravam existências humanas num tal pavor monstruoso de guerra”. E acrescenta: “Pelas 16 horas do dia 20 de Março de 1917, o batalhão toma o comboio que segue para Lisboa, chegando a esta cidade pelas 8 horas do dia imediato e às 11 horas estava embarcado no navio inglês D. Bohemia que havia de conduzi-lo ao porto de Brest, para onde levanta ferro no dia 23, fundeando nas costas da França três dias depois. (…) Em 30-3-917, o batalhão de Infantaria 12 efectua o seu desembarque e, deixando as praias gaulesas, toma o comboio para Berguette, onde chega às 22 horas, iniciando logo a seguir, uma penosa marcha de 25 quilómetros, no seio de uma negra e fria noite” com destino a Avroult (França).
Sobre a presença dos soldados do batalhão da Guarda na guerra, no momento da rendição por outra Brigada, pode ler-se o seguinte: “O Batalhão de Infantaria 12 ia deixar aquele lugar de honra, onde bem soubera honrar-se pelo sacrifício, pela disciplina e pela resistência, honrando a Pátria e dando ao passado brilho do seu Exército novos títulos de glória … O Batalhão de Infantaria 12, já quase completamente dizimado, soube aqui, até ao fim, conservar as brilhantes tradições dos serranos de Portugal … Bravos como a bravura dos Viriatos da sua terra, indómitos e persistentes como a valentia dos guerreiros da Estrela”. Em 30 de Maio de 1919 o Batalhão de Infantaria 12 embarcou no porto de Cherbourg e regressou a Portugal. Os soldados chegaram a Lisboa no dia 4 de Junho e à Guarda na madrugada do dia 7, onde os esperava uma comissão de oficiais e a banda do seu Regimento.
De acordo com a referida publicação, no combate em França, entre 1917-1919 morreram 45 oficiais e praças do Regimento de Infantaria 12.