Novos povoamentos garantem castanha de elevada qualidade
A região da Beira Interior é, a seguir à região de Trás-os-Montes, a maior produtora de castanha e aquela que tem em termos de progressão económica, “mais margem de crescimento”, segundo Hugo Jóia, da direcção da Refcast – Associação Portuguesa da Castanha/Fórum Florestal-Estrutura Federativa da Floresta Portuguesa.
De acordo com o responsável, a Região da Beira Interior Norte “tem elevado potencial para a produção de castanha, havendo um número elevado de soutos em produção”. Contudo, acrescenta que “durante muitos anos, esta cultura não foi aposta forte da região tendo, por isso, perdido importância junto da opinião pública e isso ressentiu-se no desenvolvimento comercial e económico desta cultura na região”. “Hoje em dia, os produtores desta região têm procurado melhorar a produtividade dos seus soutos e procurado soluções que permitam melhorar o negócio da castanha. Ao longo dos últimos anos os produtores têm vindo a fazer um esforço significativo para se afirmarem no mercado da castanha, uma vez que até há poucos anos a castanha da região, sendo indiferenciada, era vendida a intermediários que garantiam o seu escoamento, mas não a origem da castanha”, referiu Hugo Jóia ao Jornal A Guarda.
O dirigente da Refcast/Fórum Florestal adiantou ainda que a região tem apostado na plantação de novos soutos. “Houve nos últimos anos uma aposta das autarquias e das organizações de produtores de fomentar a instalação de novos povoamentos direccionadas para a produção de castanha de elevada qualidade”, sublinhou.
Em relação às previsões de produção de castanha para este ano, Hugo Jóia refere que as estimativas apontam para uma ligeira diminuição face ao ano anterior. “Este tem sido um ano atípico em termos de clima, o que está a dificultar as estimativas de produção, contudo para a região da Beira Interior estima-se que a produção será ligeiramente inferior ao ano anterior devido a haver ouriços com mais castanha chocha que o normal. Esta situação deve-se a problemas de polinização, pois foi uma época mais fria que o normal”, explicou. O responsável disse ainda que o facto de o Verão “também ter sido mais frio que o normal, leva a que nas terras mais altas e frias (acima dos 1.000 metros) a castanha possa não chegar a vingar, porque houve falta de calor, para promover o desenvolvimento e maturação adequada das castanhas. Por isso, a maturação está também atrasada”. “Curiosamente, a produção será normal ou até acima do normal nas zonas mais baixas e mais quentes, que este ano não o foram em demasia, como pode suceder em outros anos e aí condicionar a produção”, concluiu.