Previsões da Comissão Vitivinícola Regional
As vindimas estão a decorrer em força na região da Beira Interior. As previsões apontam para uma quebra de produção relativamente ao ano passado, mas os vinhos deverão ser de boa qualidade.
A produção de vinho na área da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) deverá registar este ano “uma quebra à volta de 10 a 15%, o que significa uma produção global de cerca de 20 milhões de litros para a região”, disse ao Jornal A Guarda Rodolfo Queirós, responsável técnico daquela entidade que tem sede na cidade da Guarda. A redução na produção é explicada por terem caído algumas chuvas na altura da floração das videiras “e a polonização não se deu bem, principalmente nas brancas”, com destaque para as variedades Síria e Tinta Roriz.
Em relação à qualidade, Rodolfo Queirós vaticina que o ano é de feição, principalmente para a produção de vinho branco, uma vez que as vindimas estão praticamente todas feitas. “Este ano tivemos um Verão atípico, com dois ou três dias de calor e dois ou três dias frios, e principalmente nos brancos, parece-me que vai ser um ano de excelente qualidade”, disse.
Quanto aos tintos, as vindimas começaram esta semana em força, mas a concretizarem-se e a manterem-se as previsões de bom tempo, o técnico da CVRBI também admite que a qualidade do vinho produzido na Beira Interior será de “bastante qualidade”. “Mais de metade da produção, nos concelhos de Belmonte, Covilhã, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Trancoso (Vila Franca das Naves) ainda está quase toda por vindimar. Parece que o tempo vai ajudar um bocadinho, o que é óptimo, porque com as temperaturas na casa dos 20 graus as uvas vão ficando no ponto óptimo de vindima e, à partida, a qualidade dos tintos também será boa”, admitiu. E acrescentou: “Embora ainda seja cedo para falar, uma vez que esta semana será o boom de vindimas de tintos na Beira Interior, parece-me que os vinhos também vão ter bastante qualidade. A expectativa é que, se correr como está planeado, será também um ano de muito boa qualidade para os tintos”.
Na área de abrangência da CVRBI existem actualmente 48 produtores, sendo 43 particulares e 5 Adegas Cooperativas (Fundão, Covilhã, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Vila Franca das Naves).
A Denominação de Origem Beira Interior foi criada a 2 de Novembro de 1999, resultado da aglutinação das Regiões de Castelo Rodrigo, Cova da Beira e Pinhel, que passaram a sub-regiões desde então. Tem cerca de 16.000 hectares de vinhas e uma grande variedade de castas. Destacam-se, nas castas brancas, a Síria, Fonte Cal, Malvasia e Arinto e, nas castas tintas, a Rufete, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz. Os vinhos são influenciados pela montanha, rodeados pelas Serras da Estrela, Marofa e Malcata e pela altitude com variações entre os 400 e os 700 metros. Os solos são de origem granítica na sua maioria, sendo os restantes essencialmente de origem xistosa.
A região produz vinhos brancos, tintos, rosados e palhetes, bem como espumantes naturais de qualidade, contribuindo para tal a grande variedade de castas que têm permitido a descoberta constante de novos aromas e sabores. “Nos últimos anos, tem-se dado nesta região uma grande evolução relativa ao aumento do número de produtores e à qualidade dos seus vinhos. A Beira Interior quer afirmar-se como uma região de excelência e qualidade na produção de vinhos e ocupar o seu legítimo lugar juntamente com as grandes regiões vitivinícolas portuguesas”, lê-se na página Internet da CVRBI.