A importância dos Valores do Evangelho na renovação da Igreja e da Sociedade.
A Liturgia da Palavra deste XXV Domingo Comum, apresenta-nos a perspetiva cristã da vivência da fé com as tentações que o mundo apresenta de desvalorizar e até aniquilar quem incomoda e denuncia o proceder do injusto, quem procede com retidão, quem assume a humildade e a simplicidade como valores renovadores da vida em sociedade.
Assim, a Palavra de Deus faz-nos lembrar que a postura de quem se sente incomodado por aqueles que seguem os valores evangélicos e cristãos, têm um longo historial nas diversas épocas da história da salvação e que a sua atitude de querer calar quem procede de maneira diferente repete-se ao longo da história humana.
O justo incomoda, a inveja e a rivalidade resultam em guerras e conflitos entre os homens e o sofrimento e a morte são desprezados por aqueles que ambicionam serem os primeiros e fazerem do poder a forma de subjugar tudo e todos.
Por isso, a Primeira Leitura do Livro da Sabedoria, dá-nos conta que, numa época concreta em que muitos membros do povo judeu se deixaram levar por outras civilizações, levando-os a negar a sua fé, veem nos que se mantiveram fiéis à lei divina e à fé vivida pelos seus pais, como alvos a derrubar, porque incomodavam e a sua fidelidade os denunciava.
É nesta perspetiva que se sentindo acusados e repreendidos no seu mau proceder, não suportam estes “justos” e querem fazê-los sofrer e levá-los à morte e até tentando próprio Deus ao dizerem que Ele viria em seu auxílio. Assim, é o autor sagrado do Livro da Sabedoria que incentiva os que permaneceram fiéis à sua fé a terem coragem e confiar no Deus verdadeiro.
Na Segunda Leitura da Epístola de São Tiago, encontramos a chamada de atenção para os conflitos e guerras entre as pessoas, que surgem da inveja e das rivalidades. As pretensões maldosas, de ser mais que o outro e ter mais que os outros, levam sempre a que, ao não se concretizarem, se usem meios para destruir o outro. Por isso, São Tiago apela a que procuremos ter a sabedoria que vem do alto e pôr em prática a justiça e a paz:” O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz”. (Tg 3,16)
No evangelho, Jesus insiste com os seus discípulos no anúncio da sua Paixão, Morte e Ressurreição, isto é, o Mistério Pascal, mas eles não entendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. No entanto, a atenção discípulos estava focada noutra preocupação e Jesus apercebesse disso e quando se estavam em casa, perguntou-lhes o que vinham a discutir.
Hoje, somos nós os discípulos de Cristo, e quantas vezes procedemos da mesma maneira, tomando atitudes que desvalorizam o que é mais importante dos ensinamentos do Evangelho, para nos concentrarmos nos nossos interesses e valorizando aquilo que segundo a nossa perspetiva, nos dá mais importância e mais estatuto.
Mas Jesus continua a ensinar-nos da mesma maneira, continua a dizer-nos que ser grande aos olhos dos homens não é o caminho, contínua a pelar à humildade e simplicidade como a das crianças e continua a dizer que os critérios de Deus não são como os critérios dos homens: “Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos.”
Assim, cabe-nos a nós fazer as opções vitais, seguir os critérios dos homens para ter poder e mandar nos outros, para se sentir importante com os elogios e as palmas e para fazer com que o lugar de destaque seja meu ou seguir os critérios de Deus e fazer com que a humildade, a aceitação da vontade de Deus, a simplicidade, a vivência em paz connosco e com os outros, a vida digna e honrada, o respeito e a educação, sejam marcas deixadas na vida dos outros e nos caminhos da comunidade que perduram para além da existência terrena.
